Secretaria de Saúde desenvolve projeto para tratar saúde mental da população quilombola
Com o objetivo de assegurar assistência em saúde mental à população quilombola alagoana, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) executa o Projeto Mate Masie. Por meio dele, os moradores dos quilombos têm acesso a assistência médica, oficinas culturais e iniciativas de geração de renda.
O projeto visa o cuidado respeitando as diversidades de gênero, raça e etnia, implicadas nos processos de sofrimento mental, por meio da construção coletiva de estratégias de cuidado e capacitação dos profissionais. O Mate Masie é colocado em prática por meio ações itinerantes, em que são realizadas visitas domiciliares, rodas de conversa com mulheres, oficinas de capoeira, oficinas de geração renda e atualização do Programa Bolsa Família. Os quilombolas também têm acesso emissão da Carteira de Identidade e do Cartão Cria, além de receberem atendimento da Defensoria Pública do Estado.
Beneficiada
Moradora do Povoado Jacu, em Poço das Trincheiras, Maria Antônia da Conceição, de 70 anos, recebeu a equipe do projeto em sua residência. Durante a consulta, ela elogiou o atendimento médico e celebrou ter conseguido atendimento em casa.
“Foi muito bom à equipe de saúde ter vindo aqui, porque não tenho condições de me deslocar. Estou doente, minhas pernas doem demais, às vezes passo o dia todo deitada e enrolada. O médico passou alguns remédios, vou seguir todas as orientações. Estou muito agradecida por esta ação”, frisou Maria Antônia da Conceição, que na ocasião apresentava sintomas de depressão.
Para o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, compreender as diversas realidades das diferentes localidades alagoanas é fundamental para desenvolver ações eficazes para a população. “Estamos sempre estudando estratégias para atender da melhor forma toda população alagoana. A Sesau está atenta às demandas dos povos quilombolas e trabalha para que a saúde de todos seja garantida por meio de ações como esta”, disse.
Identidade Quilombola
A assessora técnica em Atenção Psicossocial aos Povos Tradicionais e Originários da Sesau, psicóloga Marília Xavier, ressalta a importância do projeto para fortalecer a identidade quilombola, garantindo direito e proporcionado cuidado psicossocial. “O Mate Masie é pioneiro e nasceu da perspectiva de ouvir as necessidades das pessoas da região quilombola, atuando de acordo com as necessidades de cada território, respeitando a especificidade de cada local e a partir daí é construído ações a serem desenvolvidas, trazendo politicas públicas para região”, destacou.
Marina Xavier salientou que o projeto possui três grandes objetivos: Fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), Garantia de Direitos e a Promoção de Equidade. “O fortalecimento da RAPS dos municípios visa priorizar as singularidades dos povos e a superação dos estigmas como determinantes dos processos de saúde mental. A garantia de direitos e promoção de equidade considera as especificidades dos povos tradicionais e originários, na compreensão do sofrimento mental e na construção de estratégias de cuidado e promoção da saúde integral”, disse.
Alagoas é o 6º estado brasileiro com maior população quilombola do país. Atualmente existem 80 quilombos, distribuídos em 38 munícipios. Desde a criação, o projeto Mate Masie já realizou 12 visitas a comunidades quilombolas. Foram 1.440 atendimentos, sendo 96 atendimentos psicossociais; 105 Oficinas Território de Resistência: a identidade quilombola em foco; 154 oficinas para crianças e adolescentes; 151 atendimentos psicológicos; 166 emissões de RG, 384 rodas de conversa com as mulheres; e 384 oficinas de geração de renda.
O Mate Masie, colocado em prática pela Supervisão de Atenção Psicossocial (Suap), é uma parceria com as secretarias de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades); Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh); Educação (Seduc); Cultura e Economia Criativa (Secult), Primeira Infância (Secria) e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral). Também participa da iniciativa a Defensoria Pública do Estado (DPE).
Quilombos
Os quilombos alagoanos estão distribuídos nos municípios de Pariconha, Delmiro Gouveia, Água Branca, Olho D’agua do Casado, Piranhas, Inhapi, Mata Grande, Canapi, Senador Rui Palmeira, Poço das Trincheiras, São José da Tapera, Pão de Açúcar, Olho D’Água das Flores, Monteirópolis, Palestina, Jacaré dos Homens, Santana Do Ipanema, Dois Riachos. Além das cidades de Cacimbinha, Batalha, Traípu, Igaci, palmeira dos Índios, Coite do Noia, Taquarana, igreja Nova, Penedo, Piaçabuçu, Teotônio Vilela, Anadia, Viçosa, Santana do Ipanema, União dos Palmares, Santa Luzia do Norte, Passo de Camaragibe, Japaratinga e Arapiraca.