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'Dançando para o Diabo': conheça a história do culto de dançarinos do TikTok que virou série

SÉRIES/DANÇANDO PARA O DIABO

Publicado em 29/05/2024 às 07:04

Em fevereiro de 2022, a dançarina americana Melanie Wilking entrou ao vivo no Instagram com seus pais, abalada. Na live, diziam estar há mais de um ano sem contato com a irmã, Miranda, que completaria 25 anos naquela data. A jovem teria sido cooptada por uma organização religiosa e não estava mais no controle de sua própria vida - presa em uma espécie de culto. O drama dos Wilking é ponto de partida de Dançando para o Diabo, série documental que estreia na Netflix nesta quarta-feira, 29.

A produção investiga a relação entre jovens dançarinos de sucesso no TikTok e a empresa de gerenciamento de talentos 7M Films, ligada à igreja cristã Shekinah Church, em Los Angeles, Estados Unidos. À frente de ambas está Robert Shinn.

A série documental parte do relato dos Walking, mas ganha força com a participação de ex-membros da 7M, que deixaram a organização.

Miranda e Melanie Walking cresceram dançando juntas. As irmãs se mudaram para a Califórnia para seguir a carreira artística e, graças à ascensão do TikTok no país, ganharam visibilidade - e milhões de seguidores. Miranda se afastou quando Melanie não quis entrar para a igreja. Ela ainda permanece atrelada à 7M, junto de seu agora esposo, James BDash Derrick.

A manipulação psicológica de Shinn, explicam os dançarinos na série, começa em seus sermões, durante os quais designa a si mesmo como o "homem de Deus", capaz de salvar os fiéis do inferno. Shinn prega que seus seguidores cortem contato com os familiares e pessoas queridas, como forma de salvarem-se da condenação eterna. O abuso também é financeiro: Shinn exige que a maior parte da renda conquistada com o sucesso na internet seja entregue como dízimo.

Paralelamente, Dançando para o Diabo traz a história de outras duas irmãs, testemunhas do passado da Shekinah Church, bem antes das dancinhas do TikTok. Melanie e Priscylla Lee entraram para a igreja em 1999, enquanto duas jovens imigrantes desamparadas. Acolhidas pela organização de Shinn, que costumava atender sobretudo à comunidade de coreanos-americanos, passaram a depender dele para ter onde morar.

Ambas afirmam ter sofrido agressões sexuais regulares por parte de Shinn. Em 2011, Melanie se despediu da igreja. Priscylla ficou, só deixando a instituição durante a produção do documentário, a tempo de contribuir com sua versão. Mais de uma década separadas, as irmãs Lee tentam uma reconexão.

Em 2022, a 7M Films divulgou um comunicado afirmando operar separadamente à igreja Shekinah. No mesmo ano, Shinn entrou com uma ação contra vários ex-membros, alegando ter sido difamado por "declarações falsas" de culto, que teriam motivado campanhas de "cancelamento" nas redes sociais.

Em resposta, os ex-membros resolveram processar Shinn, sua esposa e outros indivíduos afiliados aos negócios da família. As denúncias alegam fraude, trabalho forçado, tráfico de pessoas e agressão sexual. O caso vai a julgamento em julho de 2025 em Los Angeles. Apesar disso, até o momento, nenhuma acusação criminal formal foi apresentada contra Shinn.

Miranda e Derrick já se pronunciaram em suas redes sociais sobre as alegações, negando estarem participando em um culto religioso.