Polícia prende hacker que ameaçou matar Moraes e investiga elo com homem da bomba no STF
Em meio ao impacto do atentado a bomba em frente ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu em flagrante nesta quinta-feira, 14, em Jundiaí, interior de São Paulo, um hacker investigado por atos racistas, extremistas, homofóbicos e ameaças terroristas contra autoridades públicas - entre eles o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Os policiais investigam se os suspeitos têm ligações com Francisco Wanderley Luiz, o Tiu França, extremista que se explodiu após detonar um petardo em frente ao STF na noite desta quarta-feira, 13.
O preso é um empresário de 36 anos do ramo de mídia digital. Em sua casa, a Polícia apreende equipamentos eletrônicos em busca de provas sobre a participação de suspeitos em coleções de ações criminosas. Foram confiscados um computador, um notebook, dois tablets, dois celulares, diversos pen-drives, memórias e materiais similares.
Após uma perícia nos equipamentos, o homem foi autuado em flagrante.
Segundo o pesquisador, o hacker é alvo de inquéritos em vários Estados, não apenas prolongados pela Polícia Civil, mas também pela Polícia Federal.
Segundo a delegada Vanessa Pitrez, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, não há provas de ligação entre o suspeito e Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, catarinense de 59 anos que morreu após acidentes com bombas em frente à Corte máxima na noite desta quarta, 13.
No entanto, um delegado pondera que o preso nesta quinta fazia parte de grupos extremistas. “Agora analisaremos todo o material eletrônico compreendido na casa do suspeito e verificaremos se eles (o hacker e Tiü França) participavam dos mesmos grupos ou tinham algum tipo de relação”, indicou.
Entre os alvos de ameaças e discriminações do hacker preso em Jundiaí estão o senador Magno Malta; os deputados Guilherme Boulos, Daiane dos Santos, Silvia Cristina Chagas, Talíria Petrone; e as vereadoras Beatriz Caminha dos Santos (Belém) e Cida Falabella (Belo Horizonte).
O hacker tem um histórico de e-mails anônimos com ameaças de atentados a bomba contra o STF, Senado e Aeroporto de Guarulhos – todos esses casos são investigados pela PF.
Para fazer as ameaças, o investigado usava um mesmo código desde 2022, informou a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
A prisão ocorreu no bojo da Operação 'Deus Vult' - 'Deus o quer', em tradução livre do latim. Uma operação foi aberta com apoio operacional da Polícia Civil do Estado de São Paulo para fazer buscas em dois endereços de Jundiaí.
Segundo a Polícia Civil, a investigação teve início após a deputada estadual Bruna Rodrigues (PC do B) denunciar a coleta de e-mail com ameaças de agressão sexual e morte contra ela e sua filha, além de ofensas racistas e extremistas. A mensagem foi enviada via provedor com sede na Suíça, sem acordo de colaboração com as autoridades brasileiras.
Analisando a sequência de e-mails enviados ao parlamentar, a Polícia obteve que o hacker usou dados de terceiros para criar as contas das quais as mensagens eram disparadas.
Segundo o pesquisador, uma pessoa que teve os dados usados para a criação de contas anônimas na deepweb chegou a atentar contra a própria vida.
A Polícia chegou ao nome do hacker após analisar a identidade de residentes de um condomínio de Jundiaí, onde vivem pessoas que tiveram dados usados por investidores para a criação de contas anônimas.
Os pesquisadores filtraram as "características digitais dos suspeitos, incluindo históricos vazados na dark web".