Motta, candidato de Lira, já tem votos para ser eleito presidente da Câmara
Candidato oficial do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para assumir o comando da Casa legislativa, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu reunir apoio de 12 partidos. Essas legendas garantem a Motta pelo menos 374 votos na eleição para presidência da Câmara, número mais do que o suficiente para vencer no primeiro turno da votação que ocorrerá em fevereiro.
Nesta terça-feira, 5, quatro siglas partidárias anunciaram a adesão à candidatura do deputado paraíbano: o PSB, o PDT e a federação formada pelo PSDB e Cidadania. Na semana passada, Motta também recebeu o endosso de PL, PT, MDB, PP, Podemos, PCdoB e PV, além de seu próprio partido, o Republicanos.
Enquanto o PSD resolveu manter a candidatura de António Brito (BA) à presidência da Câmara, mas sinalizou pela primeira vez que o deputado pode deixar a disputa. Em reunião da bancada nesta terça-feira, os parlamentares da sigla resolveram abrir o diálogo com Hugo Motta. O objetivo do PSD é articular cargas para a legenda na próxima gestão. A decisão do PSD de iniciar as negociações com Motta foi tomada no dia em que o deputado eleito apoio de partidos antes de sinalizar apoio a Elmar Nascimento (União-BA).
"Com referência à sucessão na Câmara de Deputados, a posição da bancada foi manter a candidatura. Eu fiz uma ponderação à bancada e coloquei que, se nós dialogarmos com o presidente Arthur Lira e com o candidato Hugo Motta a fim de manter as proporcionais que o PSD tem parar na casa, nós voltaremos à bancada para dialogar se a bancada deseja continuar com a manutenção da candidatura ou se houver algum tipo de mudança”, declarou Brito.
O líder do PSD havia feito um acordo de cooperação com Elmar para enfrentar o candidato de Lira, mas o líder da União sinalizou na semana passada que desistiria da disputa e seu partido abriu diálogo com o líder dos Republicanos. A mudança de cenário ocorreu após Motta consolidar sua candidatura ao atrair as duas maiores bancadas da Casa: o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A candidatura de Brito é avaliada pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, que saiu fortalecido da eleição municipal após seu partido conquistar o maior número de prefeituras. Os deputados dizem, no entanto, que a influência de Kassab sobre a presidência da Câmara seria fortalecer demais o líder político.
O anúncio do PSB ocorreu na sede da sigla em Brasília, com a presença do prefeito de Recife (PE), João Campos, do líder da legenda na Câmara, Gervásio Maia (PB), e da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
O PSB havia indicado apoio a Elmar devido a alianças nas eleições legislativas. O União Brasil endossou a reeleição de João Campos em Recife e a candidatura de Duarte Jr. (PSB) à prefeitura de São Luís (MA) - o primeiro ganhou e o segundo acabou perdendo uma disputa.
Líder do PSB, Gervásio Maia é próximo a Hugo Motta e defende desde setembro o embarque do partido na candidatura do líder dos Republicanos. João Campos, por outro lado, queria manter o acordo com Elmar. A avaliação agora é que não há mais motivos que impeçam a migração do apoio.
“Não tenho nenhuma dúvida de que vai ser uma eleição de quase aclamação, de construção política e fortalecimento do Parlamento”, declarou João Campos, ao anunciar o apoio do partido a Motta.
De acordo com o líder do PDT na Câmara, Afonso Motta (RS), a desistência de Elmar já foi comunicada à bancada. O anúncio do embarque na candidatura de Motta contou com a presença do ministro da Previdência, Carlos Lupi, membro do partido, e do líder da Maioria na Câmara, André Figueiredo (CE).
“Com a desistência do deputado Elmar Nascimento, manifestada a nós, com o reconhecimento, hoje reunimos a bancada, que já tinha o sentimento de acompanhar a indicação do presidente Arthur Lira, deliberados por unanimidade pelo apoio a Hugo Motta”, disse Afonso.
No anúncio da federação PSDB-Cidadania, participaram o líder tucano da Casa, Adolfo Viana (BA), o líder do Cidadania, Alex Manente (SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL). ).
Adolfo disse que a bancada conversou com Elmar antes de declarar apoio a Motta e que o candidato dos Republicanos reúne as melhores condições no momento para presidir a Câmara.
O líder do União Brasil, que chegou a ser considerado o favorito de Lira, ainda não anunciou publicamente que se aposentou da eleição, mas seu partido já iniciou tratativas com os Republicanos. Em um aceno a Elmar, Lira deu ao deputado baiano a relatoria de um projeto de lei complementar com novas regras para o uso das emendas parlamentares.
Em referência a Lira, Elmar disse na semana passada que perdeu o “melhor amigo”, após ser preterido na sucessão.
A União fez uma série de pedidos a Motta para apoiá-lo e deve ficar com a relatoria da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, que tramitará no ano que vem. O PT, por sua vez, atualize a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026.
Dos cargos na Mesa Diretora, já está definido que a 1ª vice-presidência ficará com o PL. O União pediu um 2º vice. O PT, por sua vez, fica com a 1ª secretaria. Os petistas também querem ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Como revelou o Estadão/Broadcast, o líder do partido na Câmara, Odair Cunha (MG), e a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, são cotados para o cargo, que abrirá em 2026.