Deputado do PT perde 6ª eleição em cidade na BA e a 4ª contra o mesmo adversário
Pela sexta vez desde 1996, o deputado federal Zé Neto (PT) perdeu uma disputa para a prefeitura de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia. Neste domingo, 6, ele foi derrotado pelo ex-prefeito José Ronaldo (União Brasil), por uma diferença de 12 mil votos. Essa não foi a primeira vez que Neto perdeu o duelo contra o adversário, também vencido por Ronaldo em 2004, 2012 e 2016.
No pleito deste ano, José Neto recebeu 154.147 votos (46,73% dos votos válidos), enquanto Ronaldo ficou com 165.970 votos (50,32% dos votos válidos). O candidato do União Brasil é uma figura política influente na região e ocupará o quinto mandato de prefeito a partir de janeiro do próximo ano.
O Estadão informou o deputado federal Zé Neto, mas não houve retorno até a publicação deste texto.
A primeira vez que Zé Neto tentou, sem sucesso, comandar o Feira de Santana foi em 1996. No pleito daquele ano, ele ficou de fora do segundo turno, que foi vencido por outro "Zé". O vitorioso foi Zé Falcão (PPB, atual PP), que morreu oito meses após assumir o cargo.
Na eleição seguinte, em 2000, foi a primeira vez em que os "Zés" Ronaldo e Neto concorreram juntos em Feira de Santana. Os dois, porém, disputaram cargas diferentes. Aliado do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o “ACM”, Zé Ronaldo foi eleito prefeito pela primeira vez, com 61,44% dos votos válidos. Zé Neto, por sua vez, tornou-se vereador do município.
Em 2004, Zé Neto, que então era deputado estadual, tentou destronar Zé Ronaldo, que disputava a reeleição. No primeiro duelo, Ronaldo venceu no primeiro turno com 68,49% e o petista, por sua vez, ficou em último com 12,31%.
Em 2012 e 2016, ocorreram novas revanches entre os dois e, em ambos, Ronaldo venceu por larga vantagem. No primeiro pleito, o petista ficou com 18,65% dos votos válidos, enquanto o adversário obteve 66,04%. No segundo, o então candidato à reeleição bateu Neto por 71,12% a 15,71%.
Na eleição seguinte, em 2020, Zé Neto teve a oportunidade de disputar o primeiro sufrágio em que Ronaldo não era um dos adversários. Ele imaginou o vice-prefeito do rival, Colbert Martins (DEM), e liderou uma corrida no primeiro turno. Porém, na segunda volta, Martins venceu por uma diferença de 27 mil votos.
A eleição deste ano foi o mais perto que Neto chegou a comandar a segunda maior cidade da Bahia. Ronaldo obteve 50,3%, enquanto Neto, que contou com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Jerônimo Rodrigues (PT), ficou com 46,7%.
Em todos os duelos, Zé Neto representou o PT e Zé Ronaldo foi o candidato do PFL, que posteriormente virou o Democratas e se transformou no União Brasil, após fusão com o PSL em 2022. O cenário político da cidade reflete o debate entre os partidos , que marca o teatro político da Bahia desde 1998.
Nas eleições pelo governo da Bahia de 1998 e 2002, o então PFL - apoiado no "carlismo", termo que faz referência ao núcleo duro de ACM (falecido em 2007) - derrotou o PT no primeiro turno. Em 2006, o partido de Lula conseguiu reverter com a vitória de Jaques Wagner, atual líder do governo no Senado.
Desde então, o petismo domina a política estadual com vitórias sobre o partido que hoje integra a União Brasil nas eleições de 2010, 2014, 2018 e 2022. Em 2018, Zé Ronaldo, na primeira e única disputa pelo governo do Estado, foi batido pelo atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, por 75,5% a 22,3%.
Na última eleição, realizada em 2022, Jerônimo venceu o ex-deputado federal ACM Neto (União), em disputa no segundo turno, por 52,8% a 47,2%. O resultado foi o mais apertado desde o início do domínio do PT na Bahia e representou um revés para Neto, que liderou as principais pesquisas de intenção de voto antes do primeiro turno.