Deputados brigam após provocação de bolsonarista sobre morte de Marielle
Deputados de esquerda e de direita brigaram mais uma vez na Câmara dos Deputados em razão da discussão sobre a morte da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, morta em 2018. A sessão teve que ser encerrada por conta da confusão.
Parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro exibiram uma foto de Domingos Brazão, auditor-fiscal do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, fazendo campanha para Dilma Rousseff, provocando o entrevero.
"Tá aqui quem mantou matar Marielle", disse Delegado Éder Mauro (PL-PA), enquanto exibia a imagem. "Vocês vão ter que arrumar outro defunto para poder atribuir a Bolsonaro. Porque esse defunto que está aí é de vocês."
Enquanto deputados do PSOL, partido da ex-vereadora, protestavam, Delegado Caveira (PL-PA) pegou a imagem das mãos de Éder Mauro e exibiu na cara de Tarcísio Motta (PSOL-RJ).
A troca de ataques entre deputados de esquerda e direita se alongou. "Vocês vão para a cadeia", disse Tarcísio. "Vocês comunistas que mataram Marielle", rebateu Éder Mauro.
Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal deflagrou no domingo a Operação Murder Inc, que prendeu de forma preventiva o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.
Nesta terça-feira, a CCJ adiou a votação sobre a chancela da Câmara à prisão do parlamentar, por um pedido de vista de deputados do Novo, do PP e do Republicanos. A votação deverá acontecer agora apenas em abril. Cabe ao colegiado e, depois, o pleno da Câmara aprovarem a detenção de Chiquinho Brazão.
Não é a primeira vez que Éder Mauro provoca deputados do PSOL usando o nome de Marielle. Há duas semanas, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, ele falou que Marielle "acabou", provocando um tumulto tão grande que a sessão precisou ser também encerrada.
Talíria Petrone (PSOL-RJ), também aos gritos, chamou o parlamentar bolsonarista de "torturador" e "matador de merda" naquele episódio.