Alberto Rostand

O espetáculo silencioso das nuvens

Publicado em 26/08/2024 às 10:07

Recentemente, sentado em poltrona próxima a janela de avião que voava a quinze mil pés de altitude, tive a oportunidade de olhar as nuvens vistas de cima, imediatamente entendendo ser aquela experiência única, nas asas da qual me transportava para um mundo de pura contemplação e maravilha.

E enquanto a aeronave cortava o céu, a paisagem branca, se desdobrava como vasto oceano singelo e delicado, com formas que pareciam mudar a cada instante. algumas acumulando em camadas densas e acolchoadas, enquanto outras estendendo em fiapos delicados, semelhantes a pinceladas no céu azul.

Lá longe a luz do sol parecia despertar, filtrada por essas composições, criava espetáculo de cores variando do claro radiante ao dourado suave, e por vezes, pareciam um mundo à parte, reino de sonhos e imaginação, onde minha mente perdia-se em pensamentos e devaneios.

Seguindo em frente, após contemplar figuras diversas, mantive a certeza de que cada formação, parecia contar uma história, pois suas formas sugeriam figuras e cenas que inspiravam e evocavam sentimentos de paz e reverência, oferecendo serenidade e também demonstrando a ordem presente na natureza.

Incrivelmente, bem diante de mim, enxerguei, deslumbrante estrutura etérea assemelhada à famosa Pedra de Roseta que anos atrás, conhecera em visita ao Museu Britânico, na cidade de Londres.

Justo a Pedra de Roseta, um dos artefatos arqueológicos mais famosos do mundo, célebre por ter desempenhado, papel crucial na compreensão da escrita hieroglífica egípcia, e cujo verdadeiro encanto reside na sua função de ponte entre culturas e épocas, pois antes de sua descoberta, tais rabiscos eram mistério intocável., até ser desvendado graças ao trabalho do francês Champollion, que, utilizando o texto grego como chave, conseguiu interpretar seu conteúdo.

De repente a voz do comandante informou estávamos a nos aproximar do aeroporto de Maceió, então como que acordando para o mundo, trouxe comigo aquele espetáculo silencioso, que ocorre todos os dias acima de nós, e pode ser visto como sinal da presença de Deus, manifestação da sua criatividade e amor pela beleza.