'Destruição dos direitos': sindicalismo vai às ruas contra reforma trabalhista de Milei
Milhares protestam na capital argentina contra mudanças propostas pelo governo Milei na legislação trabalhista
Sindicatos argentinos mobilizaram milhares de trabalhadores em Buenos Aires nesta quarta-feira (XX/XX), em protesto contra a reforma trabalhista proposta pelo governo do presidente Javier Milei.
Reunidos sob a liderança da Confederação Geral do Trabalho (CGT), manifestantes marcharam até a histórica Praça de Maio, buscando pressionar o Congresso a rejeitar o projeto encaminhado pelo Executivo.
Esta foi a quarta grande manifestação contra Milei desde sua posse em 2023, mas a primeira a unir movimentos sociais e sindicatos ligados à Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) em oposição às mudanças amplas sugeridas para a Lei de Contrato de Trabalho.
Entre os pontos mais contestados da proposta estão a flexibilização do direito de greve, a prevalência de acordos individuais por empresa, a redução dos custos das indenizações e restrições à negociação coletiva, entre outros.
O movimento sindical alertou o governo sobre a possibilidade de uma greve geral. Em discurso, Octavio Argüello, co-secretário-geral da CGT, afirmou: "Se não nos ouvirem, vamos acabar em uma paralisação nacional".
O ato reuniu, além de trabalhadores sindicalizados e representantes de movimentos sociais, dirigentes da oposição, incluindo nomes do peronismo e da esquerda.
"É uma convocação multitudinária que expressa o que o povo sente: que este projeto é uma destruição dos direitos dos trabalhadores para favorecer as grandes empresas", declarou Jorge Taiana, deputado nacional da União pela Pátria e ex-chanceler, ao portal Sputnik.
O fim de uma luta?
O ex-ministro do Trabalho, Carlos Tomada, também se manifestou: "Os trabalhadores saíram às ruas para defender seus direitos, porque a reforma trabalhista tem como objetivo pôr fim a uma história de luta do movimento operário".
Embora a CGT concentre os sindicatos mais tradicionais do país, representantes de organizações populares e trabalhadores informais também participaram do protesto.
Em entrevista à Sputnik, a deputada nacional e dirigente social Natalia Zaracho afirmou: "Sou uma das que estão convencidas de que temos uma dívida com os trabalhadores do século XXI, mas agora é preciso votar contra".
A mobilização ocorre em um momento delicado para o sindicalismo argentino, já que Milei ampliou sua base no Congresso, quase triplicando o número de deputados (de 37 para 95) e de senadores (de seis para 19). Com essa força, o governo já aprovou o Orçamento de 2026 na Câmara dos Deputados.
Parte da sociedade argentina também vê necessidade de atualizar a legislação trabalhista, em um país com 42% de informalidade no emprego. Segundo pesquisa da consultoria DC, 60% dos argentinos apoiariam uma reforma — dado colhido antes da apresentação do texto oficial do governo.