Guillen: Expectativas estão desancoradas há tempos e aumentam custos de desinflação

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta segunda-feira, 31, que as expectativas de inflação estão desancoradas há bastante tempo, o que aumenta o custo desinflacionário, exigindo juros mais elevados por um período mais longo. A mensagem foi reforçada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
"Na ata (do Copom) a gente ressaltou que essas expectativas de inflação desancoradas aumentam o custo desinflacionário. Você tem que levar juros a um patamar mais elevado, como a gente está observando por mais tempo num cenário de expectativas desancoradas, como estamos observando já há um tempo", disse durante o Ciclo de Palestras, organizado pela Faculdade ESEG, para tratar de conjuntura econômica, em São Paulo.
Guillen reiterou ainda que a inflação, tanto cheia quanto às medidas subjacentes, manteve-se acima da meta para a inflação e com elevação nas divulgações mais recentes, de forma análoga às expectativas de inflação.
Com relação à atividade econômica, ele ponderou que o conjunto dos indicadores e do mercado de trabalho têm apresentado dinamismo, mas com sinais incipientes que sugerem certa moderação no crescimento. O PIB de 3,2% em 2023 e de 3,4% em 2024 mostram resiliência da economia, disse. O BC, segundo ele, tinha projeção maior que mercado para o indicador, mas todos foram surpreendidos.
"A gente elaborou em torno disso, um pouco da parcimônia que é necessária para essas conclusões sobre moderação, seja quando você olha para o passado, que você pode ter revisão de crescimento, seja quando você olha para o presente ou para o futuro, que tem que ter parcimônia nas conclusões. Mas uma visão aí de que essa desaceleração de crescimento, essa moderação, fazem parte do cenário base que está se desenrolando, que é o que a gente vem apresentando já em algumas reuniões", disse. Ele voltou a dizer que setores mais sensíveis a movimentos de política monetária desaceleraram.
Guillen também ponderou que o ambiente externo permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos. Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed) e acerca do ritmo de crescimento nos demais países.
Ele comentou que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. As autoridades monetárias de todos os países, inclusive das principais economias, continuarão este ano em um processo de normalização da política monetária, com corte de juros ao longo deste e do próximo ano, afirmou.