Mudanças na política fiscal dos EUA e da Alemanha, taxas de juros elevadas e mudanças econômicas substanciais podem ser o anúncio do fim do conservadorismo fiscal na Europa, e um prenúncio para recessão.

O spread entre os rendimentos dos títulos de 10 anos dos EUA e da Alemanha caiu 62 pontos-base desde o início do ano, refletindo diferenças nas taxas de juros e nas perspectivas econômicas. Essa lacuna é crucial para os fluxos de investimento e a taxa de câmbio do euro em relação ao dólar.

Recentemente, a Alemanha aprovou um grande aumento nos gastos, abandonando o conservadorismo fiscal, o que fez os rendimentos dos títulos subirem. Já nos EUA, o presidente Donald Trump implementou cortes de impostos e tarifas comerciais, além de reduzir a força de trabalho do governo e iniciar uma política de deportações em massa, fatores que levam a uma queda nos rendimentos do Tesouro e causam preocupações com uma provável desaceleração econômica.

Analistas acreditam que o spread EUA/Alemanha pode cair para menos de 100 pontos-base, um nível não visto regularmente desde 2013. Segundo a Reuters, o analista Padhraic Garvey, do ING, sugere que uma recessão poderia levar o spread a níveis vistos entre 2000 e 2009.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, não descartou a possibilidade de uma recessão, mas enquanto isso, os consumidores norte-americanos estão preocupados com demissões e as empresas têm enfrentado incertezas sobre as tarifas dos EUA, o que é consistente com rendimentos mais baixos.

Embora o cenário nos EUA esteja incerto e caminhando para um período complicado, essas mudanças estão atraindo mais dinheiro para a Europa, à medida que os investidores buscam melhores retornos e menor risco.

As mais novas políticas fiscais e econômicas recém-implementadas estão moldando os mercados financeiros globais, e estão criando — com a incerteza econômica nos EUA e o aumento dos gastos na Alemanha — um ambiente onde os investidores precisam reavaliar suas estratégias de investimento.