Presidente do Equador substitui vice por decreto

O presidente do Equador, Daniel Noboa, nomeou neste sábado (29), mediante decreto executivo a economista Cynthia Gellibert, como vice-presidente constitucional em substituição de Verónica Abad.
A nova vice era Secretaria Geral da Administração Pública e Gabinete da Presidência da República. A mudança ocorre semanas antes da disputa pela presidência do país, que será definida em segundo turno no próximo dia 13 de abril, quando Noboa disputa a reeleição contra a candidata Luisa González.
Os direitos de participação de Abad foram suspensos na semana passada pelo Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE) em um processo por violência política de gênero, após denúncia da chanceler Gabriela Sommerfeld, que alegou que Abad fez declarações degradantes contra ela com base em estereótipos de gênero, com a intenção de obstruir suas funções.
Em resposta ao decreto, Abad qualificou a decisão de "golpe de Estado judicial"e uma "situação persecutória, violadora de direitos humanos, políticos e fundamentais das mulheres".
"Não há pior cego do que aquele que não quer ver. Aderindo à lei, à Constituição nós dissemos, nós publicamos, essa vil ferida histórica e regressiva da democracia, orquestrada a partir de Carondelet [sede do Governo] não só pelo TCE, mas por instituições judiciais instrumentalizadas contra a lei, o respeito, a ordem e a verdade", disse Abad nas redes sociais.
As tensões entre Noboa e Abad foram ventiladas em agosto do ano passado quando Abad denunciou o presidente por violência de gênero perante o TCE, mas a denúncia não foi aceita. Noboa chamou a ação de "traição".
Em novembro do ano passado, o Executivo suspendeu Abad por cinco meses por suposto "abandono injustificado" de suas funções. Abad, que havia sido designada como embaixadora em Israel foi transferida para a Turquia e deveria se estabelecer na capital, Ancara, até 1º de setembro, mas chegou com cinco dias depois.
O período de campanha eleitoral se prolongará até 10 de abril próximo. No primeiro turno, em 9 de fevereiro, Noboa obteve 44,3% da preferência do eleitorado, e sua rival González, 43,8%, segundo as autoridades. Em terceiro lugar ficou o líder indígena Leonidas Iza, com pouco mais de 5%.
O próximo presidente do Equador tomará posse em 24 de maio para um mandato de quatro anos.