APOIO MILITAR

'Coalizão dos dispostos' se reúne em Paris em meio a divergências sobre envio de tropas à Ucrânia

Publicado em 26/03/2025 às 22:16
© Justin Tallis

Com o foco em discutir garantias de segurança para a Ucrânia, a cúpula da "coalizão dos dispostos" será realizada em Paris, na França, para encontrar um consenso entre aliados europeus do regime de Vladimir Zelensky sobre questões como o envio de "forças de paz" ao país.

Na véspera, o presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu Zelensky no Palácio do Eliseu para preparar o encontro, além de ter anunciado um novo pacote de 2 bilhões de euros (R$ 12,3 bilhões) em ajuda militar para Kiev.

Segundo Macron, a cúpula tem como objetivo concluir os planos para o apoio militar de curto prazo a Kiev, fortalecer a estrutura do Exército ucraniano e definir garantias de segurança por parte das forças europeias, incluindo a possibilidade de envio de tropas. O evento reunirá delegações de 31 países, entre eles o primeiro-ministro holandês Dick Schoof, o chanceler alemão Olaf Scholz, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, além de representantes do Canadá, Noruega e Turquia.

Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que lideram a iniciativa, já realizaram encontros semelhantes. No entanto, há divergências dentro da própria União Europeia, com países como a Itália se opondo ao envio de tropas ocidentais à Ucrânia.

A reunião também discutirá o possível envio de forças para o Mar Negro e também apoiar as forças ucranianas indiretamente, sem posicionamento físico no país, o que facilitaria a participação da Itália. A primeira-ministra Giorgia Meloni já havia criticado a proposta franco-britânica, classificando-a como "arriscada e ineficaz".

Diversos líderes europeus se opuseram à ideia de "desembarque de tropas", preferindo fornecer equipamentos militares ou reforçar unidades da OTAN. Em um encontro anterior, Alemanha, Polônia, Espanha, Noruega e Hungria já declararam que não enviarão soldados à Ucrânia e que o debate é prematuro.

Já o chefe da Comissão de Soberania da Rússia, Vladimir Rogov, chamou a proposta de "circo sangrento". No parlamento russo, a ideia foi classificada como "expressão da agressividade britânica", enquanto a oposição francesa criticou Macron por "sabotagem das negociações de paz".

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou no início do mês que Moscou não aceita a presença de tropas estrangeiras na Ucrânia, já que isso criaria novos "fatos no terreno". O Kremlin alertou que tal ação seria uma provocação e manteria "ilusões perigosas" para Kiev.

O Serviço de Inteligência Externa da Rússia indicou que o Ocidente planeja posicionar cerca de 100 mil soldados na Ucrânia sob a justificativa de "forças de paz", o que, segundo Moscou, configuraria uma ocupação.

Na última terça-feira (25), o Kremlin divulgou um comunicado sobre uma reunião entre especialistas russos e norte-americanos em Riad. O documento menciona um acordo para garantir a segurança da navegação no Mar Negro, proibindo o uso de navios comerciais para fins militares. No entanto, sua implementação dependeria da suspensão de sanções contra bancos russos.


Por Sputinik Brasil