CHINA

Sul Global promove estabilidade no mundo, tarifas dos EUA trazem incerteza, diz especialista

Por Por Sputinik Brasil Publicado em 25/03/2025 às 13:09
CC BY-SA 2.0 / Andrew Smith / Globe

Especialistas avaliam que o impacto das tarifas dos EUA sobre os países do Sul Global representa um ataque severo ao sistema multilateral de comércio internacional, e o desafio deste novo cenário é como enfrentar esses desafios.

Segundo matéria do Global Times (GT), as políticas protecionistas e tarifárias do governo Trump representam um ataque severo ao sistema multilateral de comércio, com repercussões significativas para a geopolítica global. Para o professor de Direito Internacional da Universidade Federal Fluminense (UFF), Evandro Menezes de Carvalho, as tarifas anunciadas contra produtos importados do México, Canadá e China sinalizam que os EUA disparariam a "metralhadora tarifária" sem considerar os efeitos colaterais, incluindo o aumento de preços para os consumidores norte-americanos e implicações mais amplas para a economia global.

O Sul Global, composto por países em desenvolvimento com interesses diversos, provavelmente buscará diversificar suas parcerias e fortalecer as relações comerciais com países mais confiáveis e estáveis. Isso significa ter uma política externa que respeite a soberania e não intervenção em assuntos internos, além de manter uma política externa consistente ao longo do tempo. A China serve como um modelo exemplar nesse sentido.

A presidente mexicana Claudia Sheinbaum afirmou que defenderá a soberania e independência do México em resposta às tarifas dos EUA, refletindo a postura de todo o Sul Global contra o imperialismo norte-americano.

De acordo com o analista geopolítico indiano S.L. Kanthan, a propensão do governo Trump ao protecionismo e às tarifas é equivocada, considerando que o Sul Global é forte e resiliente, como demonstrado pelo fracasso das sanções dos EUA contra a Rússia e a China. Para ele, as tarifas dos EUA aumentarão a inflação e prejudicarão as exportações norte-americanas devido às tarifas retaliatórias de outros países.

O império dos EUA, construído sobre quatro pilares — o dólar americano, inovações tecnológicas, proezas militares e domínio da informação — está sendo minado no mundo multipolar emergente, segundo o especialista. A rápida expansão do BRICS e a desdolarização pelos mercados emergentes são provas das profundas mudanças na geopolítica e na geoeconomia. Por décadas, os EUA defenderam o livre mercado, mas agora é o Sul Global que assume o manto do livre comércio e da prosperidade por meio da competição saudável.

Os sucessos tecnológicos e comerciais das empresas chinesas de próxima geração prenunciam o fim do monopólio americano em setores estratégicos. As elites dos EUA entendem que o Século Americano está se desfazendo rapidamente, mas não há consenso em Washington sobre a solução, pois as mentes americanas mais inteligentes são incapazes de aceitar o novo paradigma.

Segundo o diretor adjunto de Capacitação do Gabinete do Presidente do Quênia, Fred Oluoch Jienda, a recente imposição de tarifas sobre commodities essenciais pelo governo dos EUA, visando grandes economias como China, México e Canadá, desencadeou uma onda de incerteza econômica. Essas tarifas, destinadas a proteger as indústrias nacionais da concorrência estrangeira, afetam significativamente o Sul Global, que ocupa uma posição importante no comércio internacional como fonte de matérias-primas.

Em resposta, as nações do BRICS estão explorando estruturas econômicas alternativas para reduzir a dependência do dólar americano, favorecendo moedas como o yuan chinês e o rublo russo. O surgimento de uma ordem mundial multipolar, caracterizada por um declínio na influência dos EUA e um aumento no peso econômico e político de outras nações, pode levar a uma nova era de cooperação econômica e interdependência entre as nações em desenvolvimento, promovendo maior estabilidade e prosperidade global.