As tarifas propostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre combustíveis importados estão levando as refinarias de petróleo dos EUA a buscar opções alternativas de fornecimento de petróleo bruto, inclusive o Brasil.

De acordo com especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, ao taxar as importações de petróleo de seus vizinhos Canadá, que terá tarifa de 10%, e México, com tarifas de 25%, países como o Brasil são atraentes para empresas de refino dos EUA, que precisarão de um plano B para otimizar suas operações e reduzir os custos de processamento.

O engenheiro de petróleo e analista geopolítico, Luis Rutledge, destacou que as tarifas comerciais impostas por Trump devem remodelar os fluxos comerciais, afetando diretamente nas rotas das cargas de petróleo. A última e mais recente alteração na cadeia de suprimentos de óleo e gás ocorreu após o início do conflito Ucrânia, lembrou.

Se Trump mantiver as pesadas tarifas, as rotas das cargas de abastecimento mundial de petróleo serão ajustadas novamente e forçarão a importação de onde há isenção de tarifas ou custos menores quando comparados com o petróleo canadense e mexicano, pontuou ele.

"O petróleo importado do México abastece as refinarias do Golfo dos EUA. A produção de petróleo do hemisfério sul é a alternativa mais próxima", explicou. "Não acredito em importação oriunda da Venezuela por questões políticas. Este momento da geopolítica energética favorece o Brasil. Com as tarifas se confirmando, o petróleo brasileiro será uma das alternativas de menor custo para os compradores norte-americanos.

Os Estados Unidos são atualmente o maior produtor de petróleo do mundo, graças aos reservatórios de xisto. Entretanto, as importações de petróleo ainda são estratégicas para o país, comentou Rutledge:

"Temos problemas similares, produzimos, importamos e exportamos. As refinarias dos EUA dependem dos tipos de petróleo bruto produzidos pelo Canadá e pelo México para produzir gasolina e outros combustíveis. Os países vizinhos representam mais de dois terços de todas as importações de petróleo das refinarias americanas"

Além do Brasil, importações do Oriente Médio também podem entrar no jogo, apesar da distância, por apresentarem custos menores.

O especialista frisou que as medidas de Trump colocam a América do Norte em "desnecessária guerra comercial", prejudicando a retomada do crescimento dos EUA e as economias de México e Canadá: "O risco geopolítico é grande e está interligado à guerra comercial, causando incertezas no mercado energético".

Professor de Geopolítica do Petróleo e das Energias da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Simas contou em entrevista a Sputnik Brasil que