IMPORTAÇÕES

Refinarias de petróleo dos EUA voltam atenção para América Latina e Iraque após tarifas de Trump

Publicado em 05/03/2025 às 16:06
© AP Photo / Matthew Brown

As tarifas propostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre combustíveis importados estão levando as refinarias de petróleo dos EUA a buscar opções alternativas de fornecimento de petróleo bruto, sendo América Latina e Iraque destinos potenciais, de acordo com reportagem da Bloomberg, divulgada nesta quarta-feira (5).

A mudança ocorre em um período de desafios para a indústria de refino norte-americana, de acordo com a matéria, decorrentes da expansão do oleoduto Trans Mountain, que redirecionou os fluxos globais de petróleo e reduziu os suprimentos tradicionais.

A matéria afirma que Trump colocou em risco cerca de 4,5 milhões de barris por dia de importações de petróleo de seus vizinhos, principalmente o Canadá, que terá tarifa de 10%, e México, com tarifas de 25%.

As novas tarifas foram implementadas sob a alegação de que o México e o Canadá não abordaram adequadamente as reclamações de Washington sobre segurança de fronteira e tráfico de drogas.

Na busca de otimizar suas operações e reduzir os custos de processamento, reservas de petróleo pesado na América Latina surgem como um plano B desse setor, com destaque para Brasil, Guiana, Venezuela e Colômbia, inclusive pela proximidade, que diminui os custos de transporte e melhora a eficiência da cadeia de suprimentos.

Já os vastos recursos de petróleo e gás do Iraque podem ser usados para abastecer uma planta petroquímica, pois permitem a produção de petroquímicos de alto valor em vez de exportações de petróleo e gás de baixo valor ou a queima de gás. De acordo com o jornal, embora o país produza quantidade limitada de cargas livres de destino, que podem ser exportadas para qualquer lugar.

Por outro lado, pontuou a matéria, as tarifas podem estimular o redirecionamento parcial das cadeias de suprimento de energia, o que pode resultar em tempos de transporte mais longos e custos de transporte mais altos. O excedente de petróleo mexicano poderá ser comercializado para Europa e Ásia, enquanto o petróleo canadense deve ser descontado para entrar nos EUA, com quantidade limitada podendo ser exportada pela costa do Pacífico.

"As refinarias dos EUA, especialmente as do Centro-Oeste que dependem do petróleo canadense, enfrentarão custos mais altos de matéria-prima devido às tarifas", afirma a matéria, citando analistas como fontes. "O impacto também acabará se refletindo no preço dos produtos refinados de petróleo em outras partes dos EUA".

As ações futuras de gasolina em Nova York subiram até 6,2% com a expectativa de que as refinarias dos EUA repassem os custos mais altos aos motoristas ou reduzam as taxas de produção de combustível.

"Isso pode ser uma vantagem para as refinarias asiáticas e europeias, que podem se beneficiar de mercados mais fortes para gasolina e diesel. Processadores chineses e de outras partes da Ásia, que têm lutado com margens em queda após as sanções de Washington ao petróleo russo em 10 de janeiro, podem ter um alívio", cita a reportagem.

Entretanto, gargalos logísticos, como a dificuldade de transportar petróleo canadense para o Pacífico devido à capacidade limitada de oleodutos, e os riscos contínuos para o transporte no Mar Vermelho, podem limitar o quanto o petróleo será redirecionado. Há também a possibilidade de que a tarifa reduzida de 10% sobre o petróleo canadense não seja severa o suficiente para estimular uma mudança significativa nos fluxos comerciais existentes.


Por Sputinik Brasil