COMBUSTÍVEIS

Aumento à vista por parte da Petrobras ou estatal segurará os preços?

O conselho administrativo da Petrobras se reuniu nesta quarta-feira (29); para o encontro, a expectativa é a discussão da possibilidade de reajuste no preço dos combustíveis, defasados em relação aos praticados no mercado internacional.

Publicado em 29/01/2025 às 19:35
© Folhapress / Daniel Marenco

De acordo com a revista Veja, a presidente da Petrobras Magda Chambriard não participou da reunião, pois cumpria um compromisso em Brasília com o presidente o Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda conforme a mídia, a política de preços da estatal esteve na ordem do dia do encontro, embora nenhuma modificação tenha sido feito.

O reajuste por parte da Petrobras, entretanto, parece que vai acontecer. Na última segunda-feira (29), Chambriard avisou ao governo que ocorrerá um aumento no preço no diesel. A previsão é que o valor possa chegar a R$ 0,24 por litro.

Diante das expectativas, Anselmo dos Santos, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirma que diante do cenário, o aumento dos custos ficaram evidentes e, consequentemente, poderá gerar impactos em outros setores.

"Temos uma economia ainda aquecida e necessitando de bastante transporte, então, obviamente que, se for necessário, o que ocorrerá é um reajuste do preço dos fretes, de acordo com quanto o impacto do aumento do diesel vai ter sobre os custos do transporte".

Além disso, outros produtos derivados do diesel também podem entrar na esteira do aumento, segundo o economista. É o caso dos plásticos, asfalto e um conjunto de matérias-primas derivadas do combustível.

A defasagem atual do preço da gasolina é de cerca de 7% em relação ao mercado internacional, enquanto a do diesel chega a 17%.

Para Roberto Bocaccio Piscitelli, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), a taxa deveria ser "perfeitamente administrável".

"A Petrobras continua obtendo bons resultados, os acionistas não podem se queixar dos dividendos e juros sobre o capital próprio que têm recebido, em função da generosa política de distribuição de dividendos", afirma.

Segundo o economista, a retenção dos preços por mais algum tempo mais não seria um desastre e também não afetaria os investimentos e as expectativas da empresa.

Por outro lado, a pressão no governo, que já tem que lidar com a pressão inflacionária, aumenta.

Bocaccio avalia que o aspecto político "permeia toda discussão a respeito da inflação e da taxa de juros" o que, evidentemente, "provoca uma pressão muito grande em cima do governo", especialmente devido "ao peso que principalmente a alimentação apresenta, sobretudo para as pessoas, para as famílias de mais baixa renda, a pressão que isso ocasiona e o que isso apresenta em termos de queda de popularidade para o governo".

'Petrobras perdeu capacidade de administração de preços por parte do governo federal'

A perda se deve, segundo Bocaccio, pelo "abandono nos últimos governos de uma política de fortalecimento da Petrobras e da cadeia de produção do petróleo e seus derivados".

Em 2021, o estatal fechou a venda da BR Distribuidora. Da mesma forma "se desativaram outros setores, como, por exemplo, de fertilizantes", relembra o economista.

Na opinião dele, o país avançava em autossuficiência, mas abriu mão disso. Entretanto, hoje, conforme o entendimento dele, há uma tentativa de desenvolver uma política um pouco diferente, reequipando, modernizando, ampliando as refinarias e a própria capacidade do Brasil de produzir esses derivados.

"É uma política que precisa ser empreendida, precisa ser fortalecida, porque é o caminho que nós temos para ter uma maior autonomia, principalmente na produção de derivados de petróleo, daqueles que são considerados mais nobres, mais raros e mais caros", defende.

ICMS vai deixar combustíveis mais caros a partir de fevereiro

Apesar dos combustíveis não sofrerem alta no ano passado — sobretudo pela Petrobras abandonar o Preço de Paridade de Importação (PPI) e adotar uma fórmula que coloca os valores dentro do contexto brasileiro — a previsão de aumento já para fevereiro está precificada.

"Os estados já vêm elevando alíquotas de vários produtos. Esse caso não é especificamente em decorrência da reforma tributária, mas é algo que já estava previsto em função de alterações anteriores ou de reduções anteriores do ICMS", diz Bocaccio.

O reajuste no ICMS, imposto estadual, previsto é de 5,3% para o diesel e de 7,1% para a gasolina, o que representa um aumento de R$ 0,06 para o diesel por litro e R$ 0,10 para a gasolina. Ele deve começar a valer já a partido do próximo sábado (1º).


Por Sputinik Brasil