Ascensão do Sul Global representa mudança para mundo mais equitativo, diz professor brasileiro
A ascensão do Sul Global representa uma mudança em direção a um sistema internacional mais equilibrado e inclusivo, disse Evandro Menezes de Carvalho, professor de direito da Universidade Federal Fluminense, na Conferência Anual do Global Times 2025.
Carvalho acredita que o crescimento do Sul Global equilibra o balanço entre as chamadas tradicionais instituições ocidentais, como a ONU, o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial.
"Muitos países do Sul Global estão experimentando um rápido crescimento econômico, o que diversifica a liderança econômica global para além das economias ocidentais", afirma o especialista.
Em particular, Carvalho destaca tais iniciativas como o BRICS+ e o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, chefiado por Dilma Rousseff, que também se tornou um parceiro do Grupo dos 20 (G20) na cúpula no Rio de Janeiro.
Além disso, a promoção do desenvolvimento de mecanismos financeiros e de pagamento alternativos também reduz a dependência dos sistemas dominados pelo Ocidente e atende às necessidades regionais, acredita.
"Ao defender o não alinhamento e a cooperação entre diversas nações, o Sul Global promove uma ordem global mais inclusiva, que reflete os interesses de uma gama mais ampla de Estados", disse o especialista.
Carvalho acrescentou que os esforços de criação de um mundo multipolar estão enfraquecendo as tentativas hegemônicas e promovendo um sistema no qual várias vozes e perspectivas moldam a política internacional.
Todas essas questões fizeram parte da discussão na 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações internacionais, que foi realizada de 22 a 24 de outubro deste ano.
BRICS em 2024
O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar para o Brasil.
O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Na 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, o Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, pois o presidente Lula da Silva teve que cancelar sua viagem um dia antes devido a um acidente doméstico.
A cúpula foi o evento final da presidência russa da associação, e foi realizada sob o lema de fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a segurança.