Haddad fala em 'deixar para trás' clima de desconfiança e destaca impacto importante do pacote
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu na noite desta segunda-feira, 9, que o impacto de economia fiscal gerado pelo pacote de medidas do governo não está superestimado e que o conjunto de ações poupará um nível de recursos "importante" para ajudar a ancorar as expectativas. Segundo o ministro, cálculos de alguns bancos já começaram a se aproximar dos números divulgados pela Fazenda.
"Quem está fazendo contas sabe que as medidas vão na direção correta e não há um impacto pequeno, é um impacto importante que pode, sim, ajudar a ancorar as expectativas", afirmou a jornalistas, pontuando também que as propostas buscam conter o gasto para melhorar as contas públicas.
De saída do Ministério da Fazenda para encontrar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Haddad disse também ser preciso compreensão dos poderes Executivo, Legislativo e do Judiciário para uma melhor organização das finanças e, com isso, "deixar para trás" o clima de desconfiança que, segundo ele, cresceu nos últimos meses.
O ministro afirmou que é necessário "coordenação" para atingir os objetivos, tarefa que não pode ser apenas da Fazenda. "Deve ser tarefa Do governo também, mas tem que ser uma associação em torno dessa finalidade, passar confiança para as pessoas", disse.
'Chance de terminar o ano com coisas importantes'
Haddad disse ser preciso compreender que o País tem uma chance de terminar o ano com assuntos importantes encaminhados. Ele foi questionado sobre o ritmo de andamento das medidas fiscais no Congresso, que está ameaçado pela insatisfação dos parlamentares sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) relativa às emendas parlamentares.
Para Haddad, em encontro que ocorreu mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pactuou um encaminhamento que, em seu ponto de vista, atende os anseios dos deputados e senadores. Ele falou com a imprensa antes de se dirigir para a residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
"O que nós vamos compreender é o seguinte, nós temos uma chance de terminar o ano com coisas importantes. Firmamos o acordo com a União Europeia, temos condição de votar a reforma tributária. Depois de 40 anos de espera, podemos votar a reforma tributária finalmente. Aliás, aproveito para agradecer o senador Eduardo Braga, que mesmo com problemas de saúde, mesmo tendo que enfrentar dificuldades, conseguiu entregar um relatório que foi elogiado por muita gente", disse Haddad.
Também devem participar da reunião com Pacheco e o ministro os senadores Davi Alcolumbre (União-AP), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Jaques Wagner (PT-BA), além do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Perse
Haddad também defendeu que a agenda para mirar o equilíbrio das contas públicas é "factível e possível". "É uma obrigação que deveria envolver e está envolvendo todos os Poderes", disse o ministro. Ele havia sido questionado sobre reportagens que mostram que o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) beneficiou empresas de parlamentar. Haddad não quis comentar nenhum caso específico, mas reforçou que os cálculos da Fazenda de impacto de programas como o Perse estavam corretos.
"Nós estamos fazendo é dando publicidade, dando transparência a todos os benefícios fiscais, não importa a quem interessa. É uma obrigação legal agora, porque o Congresso aprovou uma lei pra que isso seja feito de forma transparente. A CGU também se somou agora à Receita Federal e organizou até de uma forma muito amigável as informações para que sejam, de fato, de fácil consulta. E o que é importante dizer sobre isso é que os cálculos da Receita estavam corretos", disse Haddad.