GUERRA

Rebeldes tomam 4ª maior cidade da Síria e ficam a 200 quilômetros de Damasco

Publicado em 06/12/2024 às 08:18
Bassam Khabieh/Reuters/direitos reservados

Forças rebeldes tomaram nesta quinta-feira, 5, Hama, a quarta maior cidade da Síria, e se posicionaram a 200 quilômetros de Damasco. Em mensagem de vídeo, Abu Mohamed al-Jawlani, líder do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que comanda a ofensiva, pediu que os insurgentes avancem em direção a outras partes do país, incluindo a capital.

"Povo de Homs, prepare-se", disse ele no vídeo. "Povo de Damasco, povo de Dara'a, povo de Deir al-Zour. Vitória para todos, se Deus quiser." O repentino avanço mudou as linhas de frente da guerra civil pela primeira vez em vários anos, aumentando a imprevisibilidade de um conflito que devastou o país.

Desafio

Hama era uma das poucas grandes cidades que os rebeldes ainda não haviam controlado na guerra civil, que começou em 2011. Analistas atribuíram o avanço surpreendente ao desgaste da guerra e ao fato de os aliados do ditador sírio, Bashar Assad - Rússia, Irã e Hezbollah -, estarem ocupados com suas próprias crises.

O Hezbollah, apoiado pelo Irã, está envolvido em uma guerra contra Israel, que matou muitos de seus líderes. A Rússia, que continua bombardeando os rebeldes na Síria, está com sua atenção voltada para a Ucrânia.

Os rebeldes por trás da ofensiva são uma combinação de forças lideradas pelo HTS, uma dissidência da Al-Qaeda, de quem o grupo garante ter se afastado, mas ainda é classificado como um grupo terrorista pelos EUA. Grupos apoiados pela Turquia também se juntaram à luta.

Financiamento

Embora o avanço tenha pegado o governo sírio e muitos observadores de surpresa, os rebeldes estavam se preparando para isso havia algum tempo. Sam Heller, pesquisador da Century Foundation, que estuda a Síria, disse que a posição do HTS, de controle sobre a Província de Idlib, que faz fronteira com a Turquia, deu ao grupo a oportunidade de cobrar taxas sobre o comércio e outros serviços, aparentemente destinadas à preparação da ofensiva.

"Eles foram sitiados em Idlib, mas com espaço para se organizar e treinar, e acumularam muitos recursos do comércio e de atividades econômicas na área", disse. "E parece que eles investiram isso de forma responsável."

A queda de Hama foi confirmada pelo Exército de Assad, que tentou passar a impressão de que o conflito foi feroz. Os soldados sírios, de acordo com uma declaração oficial, teriam lutado por vários dias, matando vários rebeldes, mas se retiraram para evitar batalhas dentro da cidade que colocariam em risco os civis.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo com sede em Londres, que faz monitoramento da guerra, disse que os rebeldes haviam tomado a sede do comando da polícia, uma base aérea e a prisão, de onde libertaram centenas de pessoas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.