Lavrov: Rússia não quer agravar situação, mas ATACMS e mísseis de longo alcance desafiam o país
Em entrevista, Sergei Lavrov afirmou que seu país não quer agravar a situação, mas foi obrigado a enviar um sinal com o míssil Oreshnik para responder às ameaças de ATACMS e outras armas de longo alcance contra o território russo.
"Esperamos que o último, algumas semanas atrás, o sinal com o novo sistema de armas chamado Oreshnik tenha sido levado a sério", disse o ministro na entrevista que foi ao ar nesta quinta-feira (5).
O chanceler reiterou, também, que a Rússia não começou uma guerra e que o país prefere soluções pacíficas que respeitem o interesse legítimo de segurança da Rússia e os interesses e direitos das pessoas que vivem na Ucrânia, inclusive os russos que habitam o país vizinho.
"[O presidente russo, Vladimir] Putin disse repetidamente que começamos a operação militar especial para acabar com a guerra que o regime de Kiev estava conduzindo contra seu próprio povo na região de Donbass. E apenas em sua última declaração, o presidente Putin indicou claramente que estamos prontos para qualquer eventualidade".
Em outro momento, o chanceler recordou e trouxe para a conversa o momento em que o Ministério das Relações Exteriores e o presidente Putin estiveram prontos para negociar com base nos princípios que foram acordados em Istambul, mas "rejeitados por Boris Johnson [então primeiro-ministro do Reino Unido], de acordo com a declaração do chefe da delegação ucraniana", disse.
"Não podemos tolerar um acordo que mantivesse a legislação que proíbe a língua russa, a mídia russa, a cultura russa, a Igreja Ortodoxa Ucraniana, porque é uma violação das obrigações da Ucrânia sob a Carta da ONU, e algo deve ser feito sobre isso. E o fato de que o Ocidente (desde que essa ofensiva legislativa russofóbica começou em 2017) ficou totalmente em silêncio e está em silêncio até agora, é claro que teríamos que prestar atenção a isso de uma forma muito especial", argumentou.
Ainda conforme o ministro, sobre os direitos humanos, baseados na Carta da ONU, os países ocidentais, em relação à Ucrânia, "nunca murmuraram as palavras 'direitos humanos', vendo esses direitos humanos para a população russa e de língua russa sendo totalmente exterminados por lei", argumentou.
Lavrov também apontou que uma fala de Thomas Buchanan, contra-almirante do Comando Estratégico dos Estados Unidos, "permite uma eventual troca de ataques nucleares limitado". Entretanto, o chanceler afirmou que a Rússia não gosta da ideia de pensar em uma guerra com os EUA, que teria caráter nuclear.
"Nossa doutrina militar diz que o mais importante é evitar uma guerra nuclear. E fomos nós, a propósito, que iniciamos em janeiro de 2022 a mensagem, a declaração conjunta dos líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança dizendo que faremos qualquer coisa para evitar o confronto entre nós, reconhecendo e respeitando os interesses e preocupações de segurança uns dos outros. Essa iniciativa foi nossa”.
Em relação aos EUA, Lavrov salientou que Moscou gostaria de ter “relações normais” com Washington, e lembrou que o presidente Putin expressou repetidas vezes respeito pelo povo e pela história dos norte-americanos. “Não vemos nenhuma razão pela qual a Rússia e os Estados Unidos não possam cooperar pelo bem do universo”, abordou.
Já sobre a troca de comando nos EUA, o ministro russo afirmou ser evidente que “o governo Biden pretende deixar o pior legado possível para o governo [do presidente eleito, Donald] Trump”.
Por Sputinik Brasil