Putin mostrou 'a supremacia econômica da Rússia' para o mundo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, demonstrou no 15º Fórum de Investimentos VTB Rossiya Zoviot, (Rússia está chamando, na tradução português), em Moscou, nesta quarta-feira (4) a força econômica de seu país diante de outras nações, afirmam especialistas em temas internacionais consultados pela Sputnik.
"É uma mensagem muito mais voltada para o mundo, porque do que ele fala é da supremacia econômica da Rússia", afirma o mestre em Relações Internacionais pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), David García Contreras.
"Conta com um desenvolvimento tecnológico que se mantém, pesquisas de alto nível em todos os setores (...). Da força econômica deriva a supremacia militar, porque não houve nenhuma grande nação que se considere uma superpotência" que não tenha esses elementos, acrescenta.
Todos esses elementos, sublinha García Contreras, foram alcançados apesar das sanções impostas contra Moscou pelos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desde o início da operação militar russa na Ucrânia.
"O objetivo da OTAN e dos aliados dos Estados Unidos era enfraquecer a Rússia economicamente e que isso impactasse também no aspecto militar. Mas, já que sua economia continua [em um terreno positivo], com a participação russa, isso indicaria um efeito bumerangue das medidas restritivas", ressalta.
Em seu discurso no evento, Putin destacou temas especialmente relacionados ao setor econômico da Rússia e do restante do mundo.
De acordo com Putin, entre janeiro e outubro deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia cresceu 4,1%. Além disso, a nação euroasiática registrou o nível de desemprego mais baixo (2,3%), um recorde que coloca o país em uma posição melhor do que muitas nações ocidentais.
Abertura ao mundo
Outro ponto destacado pelo presidente da Rússia foi a abertura do seu país em relação a outras nações, incluindo países do bloco ocidental.
"Espero que, em algum momento, nossas relações com os parceiros ocidentais se normalizem. E, em primeiro lugar, porque eles mesmos estão interessados nisso, mas nós também temos interesse, claro", afirmou Putin, acrescentando que a Rússia e a Alemanha mantêm excelentes relações há décadas.
Sobre esse tema, em uma entrevista para este meio, o internacionalista da UNAM, Rubén Ramos Muñoz, aponta que essa normalização não só ajudaria Moscou a conquistar mais alianças globais, mas também a ganhar espaço em questões que os Estados Unidos têm negligenciado, como o comércio.
"Putin terá mais controle sobre o cenário global, já que Donald Trump, próximo presidente dos Estados Unidos, não é o estadista que estavam esperando, e aí está a oportunidade para que os vazios que Washington deixará no próximo mandato possam ser preenchidos pela Rússia, que poderá fazer novos aliados", comenta.
Os especialistas afirmam que a postura de Putin sobre a força da Rússia diante do mundo deve continuar, pois ela representa uma oportunidade para demonstrar não apenas que o país permanece firme diante das sanções do Ocidente, mas também que suas alianças com atuais parceiros comerciais estão trazendo resultados.
"Principalmente, seus laços com os mercados do Oriente têm sido frutíferos, especialmente com a China e a Índia. O presidente mencionou no evento que seu país está disposto a estabelecer várias instalações de produção [em Nova Deli]; isso é um exemplo de sua diversificação comercial", observa Ramos Muñoz.
A maior investida na economia indiana ocorreu recentemente, com o canal de 20 bilhões de dólares recebido pela empresa russa Rosneft.