Secretário-geral da ONU critica acordo climático e cobra ação urgente de países ricos
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou frustração com o acordo financeiro realizado na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão. Em comunicado divulgado neste sábado, 23, o dirigente criticou o valor de US$ 300 bilhões anuais planejado para apoiar países no desenvolvimento no combate às mudanças climáticas, montantes que representam menos de 25% dos US$ 1,3 trilhão pleiteados por essas nações.
“Foi uma negociação complexa em um cenário geopolítico incerto e dividido”, afirmou Guterres, alertando que o acordo precisa ser implementado com urgência. “Compromissos devem acelerar rapidamente o dinheiro”, cobrou o secretário-geral, sublinhando que o financiamento climático é “prioridade número um”.
Em seu pronunciamento, Guterres descreveu 2024 como “um ano brutal”, marcado por recordes de temperaturas e desastres climáticos. O chefe da ONU ressaltou a situação crítica dos países em desenvolvimento, que se encontram "mergulhados em dívidas, atingidos por desastres e deixados para trás na revolução da energia renovável".
O acordo prevê que as nações destinem US$ 300 bilhões anuais ao longo dos próximos 10 anos para apoiar países em desenvolvimento. Embora Guterres tenha reconhecido a importância do pacto para manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, ele deixou clara sua insatisfação: "Esperava um resultado mais ambicioso - tanto em termos de financiamento como de mitigação".
O secretário-geral distribuiu duas prioridades imediatas: a apresentação de novos planos nacionais de ação climática antes da COP30, que será realizada em Belém (PA), e a implementação do Pacto para o Futuro, com foco especial no aviso da dívida dos países em desenvolvimento . “Os países do G20, os maiores emissores, precisam liderar”, declarou. Guterres também destacou que “o fim da era dos combustíveis fósseis é uma inevitabilidade econômica” e defendeu que os novos planos nacionais devem acelerar essa transição energética de forma justa.
Ao concluir, o secretário-geral agradeceu ao governo azerbaijano e elogiou o trabalho do presidente da COP29, Mukhtar Babayev. Guterres também desempenhou o papel fundamental dos jovens e da sociedade civil nas negociações. "As Nações Unidas estão com vocês. Nossa luta continua. E nunca desistiremos".