Senado aprova PL do crédito de carbono em votação simbólica; restam destaques
O Senado aprovou nesta quarta-feira, 13, o projeto de lei de regulamentação do mercado de crédito de carbono no País. A votação foi simbólica - ou seja, sem o registro do voto de cada parlamentar. Os senadores ainda analisarão destaques feitos ao texto.
A votação ocorre depois de meses de negociação entre Câmara e Senado, tanto do ponto de vista de tramitação, quanto em relação ao mérito do texto.
A proposta tem como premissa básica estabelecer um limite para as emissões de gases estufa por algumas. O texto define o que chama de mercado regulado, ou seja, aquele em que serão encaixadas essas empresas que terão de se adequar ao limite previsto pelo Estado, e o voluntário - em que não há obrigações de compensar as emissões, com regras criadas pelas empresas.
O mercado regulado será gerido pelo Estado, que definirá metas de redução e critérios a serem aplicados. Já o mercado voluntário não tem uma padronização definida pelo Estado, mas pelas privadas, que estabelecem as suas próprias metas e procuram créditos de carbono para compensar as suas emissões.
O mercado regulado será vinculado ao Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), com a geração e a compensação de créditos por emissões de gases estufa. Haverá cotas brasileiras de emissão (CBE) e certificados de redução ou remoção de emissões (CRVE), cada cota deles representando uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (tCO2e).
O SBCE terá governança compartilhada entre o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), que definirá as diretrizes gerais do SBCE e aprovará o Plano Nacional de Alocação (PNA); um órgão gestor, que será responsável pela implementação e gestão do SBCE; a Câmara de Assuntos Regulatórios, composta por representantes de setores regulados, como conselheira do órgão gestor; e o Comitê Técnico Consultivo Permanente, que fornecerá subsídios e recomendações para aprimoramento do SBCE.
O agronegócio, por exemplo, conseguiu, na Câmara dos Deputados, ser incluído no mercado voluntariamente. Um dos argumentos do agro é que as formas de medir a emissão de carbono na atividade pecuária são difíceis e que os países que adotam esse mercado não incluem a agricultura nesse mercado regulado.
A nova versão do relatório da proposta também manteve uma mudança feita na Câmara para que o agronegócio possa gerar créditos de carbono por meio da manutenção de Áreas de Preservação Permanente (APP), de reservas legais e de áreas de uso restrito. A alteração foi uma sugestão da bancada ruralista na Câmara dos Deputados e beneficia o setor, já que permite a geração de créditos de carbono em áreas que já deveriam ser preservadas de qualquer forma.
A relatora também distribuiu que 75% dos recursos do SBCE são destinados ao Fundo Clima. O texto estabelece que 15% devem ser destinados à manutenção do SBCE e que 5% devem ser direcionados como compensação aos povos indígenas pela conservação da vegetação nativa.