EDUCAÇÃO

Países do G20 defendem ações de aproximação entre escola e comunidade

Publicado em 29/10/2024 às 19:10

Ações e práticas que aproximam as escolas das comunidades foram tema da terceira e última reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Educação, formado pelos representantes dos países do G20 . A reunião ocorreu nesta terça-feira (29), em Fortaleza. 

De acordo com o assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da Educação (MEC), Francisco Souza, que coordenou a reunião, a intenção foi abordar temas que de fato se aproximam da realidade das escolas em diferentes países.

Brasília (DF) 29/10/2024 - Francisco Souza - Assessor Especial para Assuntos Internacionais do MEC. Foto: Ângelo Miguel/MEC
Brasília (DF) 29/10/2024 - Francisco Souza destaca que G20 vai se dedicar a temas de "chão de escola". Foto: Ângelo Miguel/MEC

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“Eu acho que o que faltava do grupo era conseguir se dedicar aos temas mais do chão da escola, que foi justamente o que a gente se esforçou para fazer nessa presidência brasileira e, particularmente, nesse tema do engajamento escola-comunidade”, disse à imprensa.

Durante a reunião foram propostas iniciativas dos países para que pudessem inspirar boas práticas.

Nesta quarta-feira (30), quando ocorrer a reunião dos ministros da Educação dos países do G20, professores e estudantes irão apresentar pessoalmente projetos e ações que funcionarão.

Um deles é Thando Ntintili, estudante da Escola Secundária de Toli, localizada numa vila rural na África do Sul. Ele fez parte de um projeto inovador de engajamento comunitário que ajudou a melhorar a qualidade da água de um rio local, que estava contaminada pelo uso humano e animal. A construção de um filtro de água restaurou a dignidade da comunidade e permitiu que cerca de 500 pessoas tivessem acesso a água potável. A escola foi reconhecida como campeã nacional por essa iniciativa.

Brasília (DF) 29/10/2024 - Thando Ntintili, estudante da Escola Secundária Toli Foto: Ângelo Miguel/MEC
Brasília (DF) 29/10/2024 - Thando Ntintili construiu filtro que melhorou a qualidade da água de sua comunidade na África do Sul. Foto:  Ângelo Miguel/MEC

“Engajamento escola-comunidade é um conceito, um nome que a gente usa para se referir a uma coisa muito simples, ao fato de que a escola não é um equipamento público isolado do bairro em que ela está. Então, a escola não termina no muro. E que, para a relação professor-aluno, para o aprendizado, é muito comum que os próprios professores pensem no uso do espaço que está lá fora, no ambiente. Isso está, inclusive, na nossa base curricular comum também, na importância do aprendizado dialogar com o contexto específico. Existe um interesse dos jovens, das crianças, em ter um aprendizado conectado com transformações”, ressaltou o assessor do MEC Francisco Souza.

Crise de aprendizagem

A reunião teve a participação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Brasília (DF) 29/10/2024 - Diretora Global de Educação e Desenvolvimento de Adolescentes do Unicef, Pia Rabello Britto Foto: Ângelo Miguel/MEC
 Pia Rabello Britto defende ações urgentes para enfrentamento da crise de aprendizagem global. Foto: Ângelo Miguel/MEC

“O mundo está enfrentando uma crise de aprendizagem. Sete a cada dez crianças em todo o mundo com idade de 10 anos não consegue ler uma frase básica. Sete de dez! O que significa que a comunidade mundial está falhando com nossas crianças. Nós precisamos de ações urgentes”, defendeu em entrevista à imprensa a diretora Global de Educação e Desenvolvimento de Adolescentes do Unicef, Pia Rabello Britto.

Ela destacou que as evidências mostram a importância da proximidade da escola com a comunidade.

“Quando existe um ambiente próximo mais seguro onde uma criança vive, a probabilidade de ela aprender é maior, especialmente para as meninas. Quando num ambiente mais seguro, elas têm menos probabilidade de abandonar a escola, o que, aliás, é um grande problema no mundo: 270 milhões de crianças abandonaram a escola. Não podemos dar ao luxo de perder mais crianças”.

Britto enfatizou a importância do assunto a ser discutido no âmbito do G20. “Para mudar os resultados da educação, um dos principais fatores determinantes é o compromisso político”, disse e acrescentou: “Uma plataforma como o G20 é uma plataforma muito importante porque reúne os países mais poderosos do mundo, mais a União Europeia e a União Africana , que jogam luz no que é preciso avançar. Portanto, o G20 tem um papel muito importante na sensibilização para a questão, construindo o compromisso político em alguns dos países mais poderosos do mundo para poder fazer avançar a agenda para a aprendizagem e para as crianças”.

Iniciativa brasileira

De acordo com a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Katia Schweickardt, o Brasil possui iniciativas que incentivam a proximidade das escolas e das comunidades.

Ela ressalta que existem “muitas evidências de que processos de aprendizagem ocorrem quando a comunidade e as famílias interagem com a escola”, afirma. Por isso, segundo ela, a própria pasta tem se beneficiado na promoção dessas práticas.

“Em agosto passado, lançamos o programa Escola e Comunidade, o Proec, que visa promover a integração mais eficaz e intencional da comunidade no processo educativo, ressignificando o papel da escola perante a comunidade”.  

O Proec vai beneficiar mais de 22 mil escolas com baixo nível socioeconômico e alta complexidade de gestão e serão investidos mais de R$ 60 milhões ainda neste ano de 2024. A secretária explicou que cada escola teve que construir um projeto com, ao menos, três ações, desenvolvidas com a participação de estudantes, profissionais de educação e suas famílias.

Próximos passos 

Após a reunião do GT de Educação, será realizada, nesta quarta-feira (30), a reunião dos ministros de Educação dos países do G20. As discussões resultarão em um texto que será anexado à declaração de líderes, documento final do G20, a ser definido na Cúpula de Líderes, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

O Grupo dos Vinte (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia.

Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos por um país) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.

*A repórter respondeu a convite do Ministério da Educação (MEC).