Mercado japonês deve abrir com iene e ações sob pressão, após derrota de premiê
Os mercados do Japão devem abrir, mais tarde, em um clima de incertezas, após o partido do primeiro-ministro do país, Shigeru Ishiba, perder a maioria parlamentar pela primeira vez, desde 2009, nas eleições deste domingo, conforme projeções da imprensa local. O resultado causa dúvidas sobre os próximos passos da política monetária e pode pressionar o iene e as ações na Bolsa de Tóquio.
Ainda não há clareza sobre quais serão os desdobramentos, após o pleito polarizado. A legenda de Ishiba pode buscar se manter no poder com uma coalizão ainda maior que atual, o que envolveria negociações difíceis. Outra alternativa seria um governo liderado pela oposição, mas a profunda divisão na esquerda também dificulta o processo.
A Capital Economics lembra que a maior sigla oposicionista, o Partido Constitucional Democrático, defende a mudança na meta de inflação do Banco do Japão (BoJ) de 2% para "acima de 0%". Essa alteração acarretaria em juros estruturalmente mais altos do que as taxas baixíssimas da autoridade monetária.
A consultoria britânica, no entanto, considera mais plausível a manutenção dos conservadores no poder, com a expansão da aliança governista. "O foco estaria então nas concessões que estes novos participantes exigiriam em troca de manter o PLD no poder", prevê a Capital.
Para os analistas do banco ANZ, um governo composto por muitos partidos prejudicaria o iene no curto prazo, ao postergar as expectativas por mais aumentos de juros do BoJ. A tendência, neste caso, seria a de uma normalização monetária mais lenta.
Nos últimos dias, o iene já vem sendo prejudicado pela escalada dos juros dos Treasuries, em meio à percepção no mercado de o ex-presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, ter mais chances de voltar a Casa Branca com a eleição de novembro. Se eleito, Trump determinaria políticas que impulsionariam a inflação e o déficit fiscal, o que complicaria os planos de relaxamento monetário do Federal Reserve (Fed).
Neste cenário, o Julius Baer prevê que o BoJ deixará juros inalterados na decisão da próxima quinta-feira e também não deve enviar um sinal evidente sobre um aperto no encontro seguinte, em dezembro. Para o banco, os problemas podem ser agravados pelo pleito japonês. "Uma liderança fraca significará que pouco será feito em termos de implementação de políticas pela nova administração", projeta.