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Consumo de combustíveis fósseis deve atingir pico até 2030, mas tensões geram riscos, diz AIE

Publicado em 16/10/2024 às 09:56
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O consumo de combustíveis fósseis - petróleo, gás natural e carvão - deverá chegar ao pico até 2030, à medida que a utilização de energias limpas ganhar força, prevê a Agência Internacional de Energia (AIE), em relatório divulgado nesta quarta-feira, 16. A partir de então, o crescimento contínuo da demanda global por energia deverá ser atendido exclusivamente por fontes renováveis, aponta.

A AIE calcula que mais de 560 gigawatts (GW) de capacidade em energias renováveis foram adicionados à estrutura global em 2023, mas alerta que "não há uniformidade entre tecnologias e países" - somente a China contribuiu com cerca de 60% para a capacidade de energia renovável no ano passado.

O relatório estima que o crescimento da demanda por eletricidade irá acelerar nos próximos anos em ritmo mais rápido, aumentando cerca de 6% em 2035, mas acompanhado pelo desempenho de fontes renováveis e atendendo metas globais de "net zero". Segundo a AIE, o consumo será impulsionado por centros de dados e inteligência artificial (IA), indústrias, mobilidade elétrica e máquinas de resfriamento.

Por outro lado, este cenário pesará no crescimento da demanda por petróleo. Somente o aumento no uso de veículos elétricos (EVs, em inglês) deve reduzir a demanda global pelo óleo em 6 milhões de barris por dia (bpd), intensificando o superávit da oferta e mantendo os preços na faixa de US$ 75 a 80 o barril.

A AIE reconhece um "potencial elevado" de riscos de interrupção da oferta combustíveis fósseis no curto prazo, devido aos conflitos no Oriente Médio, lembrando que cerca de 20% da produção global de petróleo e gás natural liquefeito (GNL) passa pelo Estreito de Ormuz. "Contudo, a capacidade de produção do petróleo deve aumentar para 8 milhões de bpd e uma onda de projetos de GNL ampliará em 50% a capacidade de exportações até 2030", aponta.

Para a agência, a redução nos preços de combustíveis fósseis gera uma oportunidade para que economias emergentes e em desenvolvimento redirecionem recursos para investimentos em energias renováveis, acelerando a transição para uma economia verde.

Como pontos positivos, a AIE destaca que já existe uma produção de ampla capacidade de baterias de lítio e painéis solares, o que também reduz o custo de adoção de renováveis, e que os investimentos em projetos de energia limpa estão de aproximando do valor de US$ 2 trilhões por ano - o dobro dos investimentos em combustíveis fósseis. "Juntamente com a energia nuclear, que é objeto de interesse renovado em muitos países, as fontes de baixas emissões devem gerar mais da metade da eletricidade mundial antes de 2030", prevê.