Incerteza interna impede Ibovespa de avançar conforme NY após payroll mostrar força dos EUA
A valorização do petróleo e dos índices de ações do ocidente é insuficiente para animar o Ibovespa nos primeiros minutos do pregão desta sexta-feira, 4, de agenda esvaziada no Brasil. Por aqui, persistem as preocupações fiscais que tendem a exigir uma Selic alta por um período prolongado, o que reduziria o diferencial de juros com a taxa americana.
Além da falta de confiança do investidor no governo, por conta do fiscal e da inflação elevada, a questão dos juros é limitador, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
Nesta sexta nos Estados Unidos, foi divulgado o dado mais esperado da semana - o payroll. O relatório de emprego norte-americano mostrou criação de 254 mil empregos em setembro nos EUA. O resultado superou em cheio o teto das projeções do mercado, de 140 mil. A taxa de desemprego caiu a 4,1%, na comparação com estimativa de 4,2%, e o salário médio avançou na margem (0,4%) e no confronto interanual (4,0%) mais do que o previsto, de 0,3% e 3,8%, respectivamente.
"O payroll veio forte, e indica que o Fed deveria cortar 25bps 0,25 ponto porcentual e não 50bps meio ponto", avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, ao referir-se ao ritmo de queda dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, reforça que o payroll trouxe resultados fortes em todas as frentes, o que corrobora com a chance de queda dos juros em 0,25 ponto porcentual nos EUA em novembro.
Também no exterior, o petróleo volta a subir - em torno de 0,80% - pelo quarto dia consecutivo, mas em menor proporção. Ontem saltou 5,00% diante do temor de que o avanço do conflito no Oriente Médio ameaça a oferta da commodity.
Contudo, as ações da Petrobras têm viés de baixa, assim como os papéis da Vale, que ainda segue sem a referência do minério de ferro em Dalinan, por conta de feriado chinês.
Ontem, as ações da Petrobras ON fecharam com altas em torno de 1,00%, na esteira do petróleo, mas foram insuficientes para evitar uma queda do Ibovespa. O principal indicador da B3 encerrou a sessão em baixa de 1,38%, aos 131.671,51 pontos. Assim, acumulou queda de 0,80% na semana, depois de avançar na passada.
O noticiário corporativo também é foco. Hoje, a Vale informou que mais duas barragens - 5-Mutuca, em Nova Lima, e Dique de Pedra, em Ouro Preto, ambas em Minas Gerais - tiveram seus níveis de emergência retirados pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Ambas receberam Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) positiva, que atesta a sua segurança.
Já a Petrobras anunciou potencial de gás nas descobertas localizadas na Bacia de Guajira Offshore, na Colômbia, enquanto a Suzano informou que o volume de sua produção de celulose de mercado em 2024 será inferior em cerca de 4% comparado à sua capacidade produtiva nominal.
Apesar do noticiário esvaziado hoje no Brasil, as preocupações fiscais permanecem elevadas. Para Ashikawa, da Principal Claritas, o Ibovespa parece operar numa dinâmica única.
"Aqui temos as próprias questões a se monitorar", pontua, lembrando que apesar da elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody's, as outras agências de classificação de risco não foram na mesma direção. "A questão fiscal sempre segue como pano de fundo", diz o economista da Principal Claritas.
À tarde, será divulgado o resultado da balança comercial brasileira de setembro.
Às 10h51, o Ibovespa cedia 0,04%, aos 131.614,75 pontos. Às 11h15, o Ibovespa subia 0,15%, aos 131.870,52 pontos, na máxima, ante recuo de 0,39%, aos 131.156,35 pontos, na mínima.