Dólar sobe com risco fiscal e cautela externa
O dólar opera em alta, acompanhando a tendência no mundo hoje, em meio à escalada dos conflitos no Oriente Médio, entre Israel e Irã. Com a agenda local mais enxuta de indicadores, as atenções seguem no cenário fiscal e em dados americanos, antes de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em dois eventos na tarde desta quinta-feira, 3.
Na noite de quarta-feira, 2, Campos Neto afirmou que o Brasil precisa de algum choque fiscal se quiser conviver com juros baixos. Segundo ele, as expectativas de inflação estão desancoradas e é importante fazer com que a taxa real neutra de juros do Brasil caia.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, comenta às 10h o resultado do Governo Central, com déficit primário de R$ 22,4 bilhões em agosto. No acumulado do ano até agosto, o déficit foi de R$ 99,997 bilhões, já antecipados no Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) do Tesouro Nacional, publicado na segunda-feira, 30, atendendo ao prazo legal.
No radar fica ainda reunião do presidente Lula com ministros hoje para tratar da regulamentação das bets. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma ação de controle para acompanhamento do impacto das bets no poder de compra das famílias. De acordo com o BC, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões em "bets" via Pix em agosto.
Lá fora, na véspera da divulgação do relatório oficial de emprego dos EUA, o payroll, os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiram 6 mil na semana, a 225 mil, acima da previsão (221 mil). Na semana anterior, os pedidos de auxílio-desemprego foram revisados de 218 mil para 219 mil. Ainda são esperados os índices de gerentes de compras (PMIs) de serviços dos Estados Unidos e discurso do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic.
Em relação a divisas principais, o dólar avança mais ante a libra lá fora nesta manhã, reagindo a perspectivas de possível corte mais agressivo de juros no Reino Unido. O PMI de serviços do Reino Unido ficou abaixo das expectativas. Na zona do euro, o PMI de serviços caiu a 51,4 em setembro, mas ficou acima da prévia. Já o iene se desvaloriza ante o dólar em meio a falas contrárias a novos aumentos de juros no Japão, favorecendo ações de empresas exportadoras.
Às 9h38, o dólar à vista subia 0,57%, a R$ 5,4763. O dólar para novembro ganhava 0,60%, a R$ 5 4965.