MERCADO FINANCEIRO

Com Moody's e China, Ibovespa sobe 0,77%, aos 133,5 mil pontos

Publicado em 02/10/2024 às 17:49

Após 11 sessões, o Ibovespa, embalado em parte pela elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody's, ensaiou retomar o nível dos 134 mil pontos nesta quarta-feira, mas perdeu força em direção ao fechamento, em alta limitada a 0,77%, aos 133.514,94 pontos. Nesta quarta-feira, o índice oscilou de mínima na abertura aos 132.495,16 pontos até os 134.921,66 na máxima do dia, com giro financeiro a R$ 21,5 bilhões. Na semana, sobe 0,59% e, no mês, ganha 1,29%. No ano, acumula perda de 0,50%.

"Decisão da Moody's surpreendeu grande parte do mercado, e foi o grande tema do dia: o Ibovespa subia quase 2% mais cedo, encostando nos 135 mil pontos, e todos os papéis do índice chegaram a avançar na sessão. Depois, perdeu força à tarde, com o mercado atento também ao cenário externo", observa Jennie Li, estrategista de ações da XP, citando ainda a expectativa para a divulgação do relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em setembro, nesta sexta-feira.

No fechamento, um número limitado de componentes da carteira teórica destoavam do Ibovespa, com destaque para Vamos (-6,66%), Brava (-2,28%) e Carrefour (-1,95%) na ponta perdedora. No lado oposto, Pão de Açúcar (+7,25%), Azul (+4,87%) e Cyrela (+4,51%). Entre as ações de maior liquidez, o alinhamento foi positivo, com destaque para grandes bancos, como Bradesco (ON +3,16%, PN +3,61%), e para os carros-chefes das commodities, como Petrobras (ON +1,17%, PN +1,38%) e Vale (ON +0,55%).

Para além da Moody's, "o mercado se animou hoje com vetores como a China, que ainda ajuda o desempenho de emergentes com exposição a commodities, e um noticiário interno mais calmo", diz Felipe Moura, analista da Finacap. Nesta quarta-feira, o índice Hang Seng, referência de Hong Kong, subiu 6,2%, reagindo nesta quarta às recentes medidas de estímulo na China após o feriado da Semana Dourada.

Embora a reaproximação efetivada pela Moody's, na noite da terça-feira, do rating soberano do Brasil ao nível de grau de investimento - agora a Ba1 e com perspectiva positiva, a apenas um passo da concessão do selo de bom pagador, perdido pelo País em 2015 -, analistas e economistas receberam a notícia com alguma reserva, em função das persistentes preocupações sobre a condução da política fiscal doméstica. Parte dos observadores destacou o peso conferido pela agência à avaliação da trajetória econômica e também a algumas premissas, como a estimativa - considerada otimista - sobre tendência de estabilização para dívida.

Alguns, como o economista-chefe da Reag Investimentos, Marcelo Fonseca, não apenas mostraram "surpresa" com a decisão como também sugerem que a Moody's trouxe um olhar mais de "retrovisor" do que prospectivo. Ele reconhece, porém, que um maior crescimento da economia melhora a capacidade de pagamento e que, até o momento, a "fotografia" do crescimento é boa, reportam os jornalistas Daniel Tozzi Mendes, Gabriela Jucá e Anna Scabello, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "A Moody's é a agência que mais valoriza o crescimento econômico", acrescenta.

Assim, durante a sessão, o Ibovespa quase chegou a atingir os 135 mil pontos - nível não visto no intradia desde 18 de setembro, a data do corte de juros pelo Federal Reserve. Mas, por outro lado, os contratos de DI mostraram relativa estabilidade ao longo desta quarta-feira, chegando a sustentar uma leve queda nos prazos mais longos, embora não mantida em direção ao fechamento. "Esse movimento nos juros foi mais tímido do que o esperado em relação à alta da Bolsa", observa Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, destacando a "pouca movimentação" na curva do DI em relação ao upgrade concedido pela Moody's.

De qualquer forma, na B3, ações com exposição a juros e ao ciclo doméstico, como as de varejo e construção, estiveram entre as mais beneficiadas na sessão. Em conjunto, porém, o desempenho do setor de consumo (ICON +1,06%) foi inferior ao de materiais básicos (IMAT +1,19%), que reúne ações correlacionadas a demanda e preços formados no exterior, como as de commodities. O dólar, por sua vez, assim como os juros, teve comportamento discreto na sessão. No fechamento, a moeda americana mostrava baixa de 0,35%, a R$ 5,4448.