Homem que ficou mais tempo no corredor da morte e foi absolvido: 'Não conseguia mais esperar'
O homem que mais tempo passou no corredor da morte no mundo, 45 anos, comentou sua recém adquirida liberdade após ser absolvido da acusação de quatro assassinatos: "Finalmente, eu ganhei uma vitória total e completa", disse o ex-boxeador japonês Iwao Hakamada, de 88 anos, no domingo, 29, em Shizuoka, região a sudoeste de Tóquio, Japão, onde a decisão foi proferida, segundo informações de CBS News.
Após uma longa luta por justiça liderada por sua irmã, Hideko, de 91 anos, Hakamada foi declarado inocente na quinta-feira, 26, da acusação de assassinato quadruplo. Ele passou 46 anos no corredor da morte, o que o torna o preso com mais tempo de prisão no corredor da morte, de acordo com a Anistia Internacional. "Eu não conseguia mais esperar" para ouvir o veredicto de inocência, disse Hakamada, sorrindo e usando um chapéu verde.
A absolvição faz dele o quinto condenado no corredor da morte a ser considerado inocente em um novo julgamento na justiça criminal japonesa do pós-guerra.
48 ano na prisão, 35 no corredor da morte
Hakamada foi condenado por assassinato no caso da morte de um gerente de empresa e três membros de sua família em 1966, e por incendiar a casa deles no centro do Japão. Ele foi sentenciado à morte em 1968, mas não foi executado devido a longos recursos e ao novo processo de julgamento no sistema de justiça criminal notoriamente lento do Japão, onde os promotores têm uma taxa de condenação de 99%.
Ele passou 48 anos na prisão, mais de 45 deles no corredor da morte. Levou 27 anos para o tribunal superior negar seu primeiro recurso para novo julgamento. Seu segundo recurso foi apresentado em 2008 por sua irmã.
Hakamada foi libertado da prisão em 2014, quando um tribunal ordenou um novo julgamento com base em evidências que sugeriam que sua condenação foi baseada em acusações fabricadas pelos investigadores, mas ele não foi absolvido da condenação.
Ele foi autorizado a aguardar o novo julgamento em casa devido à sua frágil saúde e idade, o que o tornava um preso com baixo risco de fuga. Então, em 2023, o tribunal finalmente decidiu a seu favor, abrindo caminho para o novo julgamento mais recente, que começou em outubro.
Apoiadores dizem que a detenção de quase meio século afetou a saúde mental de Hakamada. Nos primeiros dois meses após sua libertação, ele ficava andando em círculos dentro do apartamento, sem nem tentar sair, disse sua irmã.
A maior parte dos seus 48 anos na prisão foi em confinamento solitário, com medo da execução. Um dia, a irmã de Hakamada pediu que ele a ajudasse com as compras para convencê-lo a sair de casa. Passear se tornou sua rotina diária, embora hoje ele seja menos capaz e saia de carro, com a ajuda de seus apoiadores. (COM INFORMAÇÕES DA AP)