Estados Unidos autorizam Forças Armadas a reforçar presença no Oriente Médio
As Forças Armadas dos EUA determinaram o "aumento de suas capacidades de suporte aéreo" no Oriente Médio e colocaram tropas em "estado de prontidão elevada" para serem deslocadas à região por causa do aumento da tensão e da escalada militar após a morte do líder da milícia xiita libanesa Hezbollah, Hasan Nasrallah, em um bombardeio de Israel, e da ação israelense no Iêmen.
Segundo a agência Reuters, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, autorizou os militares a reforçarem a sua presença no Oriente Médio com capacidades de apoio aéreo "defensivas" e a colocar outras forças num estado de prontidão elevado.
"(Austin) aumentou a prontidão de forças adicionais dos EUA para serem destacadas, elevando nossa preparação para responder a várias contingências", disse o porta-voz do Pentágono, major-general da Força Aérea, Patrick Ryder, em um comunicado neste domingo, 29.
A declaração não detalhou quais novas aeronaves seriam enviadas à região. "O secretário Austin deixou claro que se o Irã, os seus parceiros ou os seus representantes aproveitarem este momento para atacar o pessoal ou os interesses americanos na região, os Estados Unidos tomarão todas as medidas necessárias para defender o nosso povo", acrescentou Ryder.
O anúncio foi feito dois dias depois de o presidente Joe Biden ter orientado o Pentágono a ajustar a postura das forças dos EUA no Oriente Médio em meio a preocupações crescentes de que a morte do líder do Hezbollah, grupo financiado e apoiado militarmente pelo Irã, poderia provocar uma retaliação de Teerã.
"Os Estados Unidos estão determinados a impedir que o Irã e parceiros e procuradores apoiados pelo Irã explorem a situação ou expandam o conflito", disse em um comunicado o porta-voz do Pentágono.
Ele também alertou que, "se o Irã ou grupos apoiados por Teerã usarem este momento para visar pessoal americano ou interesses na região, os Estados Unidos tomarão todas as medidas necessárias para defender nosso povo".
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse no domingo que os Estados Unidos estão observando o que o Hezbollah fará para tentar preencher seu vácuo de liderança, "e continuam a conversar com os israelenses sobre quais são os próximos passos certos."
O Departamento de Estado dos EUA ainda não ordenou uma retirada de pessoal do Líbano. Mas, na semana passada, oficiais dos EUA disseram à Reuters que o Pentágono estava enviando algumas dezenas de tropas adicionais para o Chipre para ajudar o exército a se preparar para cenários incluindo uma retirada de americanos do Líbano.
O Pentágono disse que as forças dos EUA estavam sendo preparadas para serem deslocadas, se necessário. "(Austin) aumentou a prontidão de forças adicionais dos EUA para se deslocarem, elevando nossa preparação para responder a várias contingências", disse Ryder em um comunicado.
Novos bombardeios no Líbano
O Exército de Israel bombardeou "dezenas" de novos alvos no Líbano contra a milícia xiita radical libanesa Hezbollah neste domingo, 29, dois dias após matar o chefe do movimento pró-iraniano, Hasan Nasrallah.
A aviação militar israelense "atacou dezenas de alvos terroristas em território libanês nas últimas horas", informou um porta-voz militar no Telegram. Ele especificou que os ataques tiveram como alvo locais de lançamento de foguetes contra Israel, edifícios militares e depósitos de armas.
A Força de Defesa israelense, desde sábado, 28, "bombardeou centenas de alvos terroristas do Hezbollah no Líbano", acrescentou o porta-voz.
Na última sexta-feira, 27, um ataque aéreo de Israel matou Hasan Nasrallah, líder da milícia radical. Os líderes israelenses estavam cientes de seu paradeiro havia meses e decidiram atacá-lo na semana passada porque acreditavam ter apenas uma pequena janela de oportunidade antes de o líder do Hezbollah desaparecer em outro local, segundo três altos funcionários da defesa israelense.
Aniquilação da cadeia de comando do Hezbollah
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram neste domingo, 29, ter matado outros 20 altos oficiais do Hezbollah, de diferentes patentes, quando mataram Hasan Nasrallah em um bobmardeio à sede da milícia radical xiita na sexta-feira.
Além de Nasrallah, algumas das lideranças incluem Ali Karaki, líder da frente sul da milícia xiita libanesa. As IDF também afirmam ter matado Ibrahim Hussein Jazini, chefe da unidade de segurança de Nasrallah, e Samir Tawfiq Dib, que as IDF descrevem como "confidente e conselheiro de longa data de Nasrallah".
Segundo os militares israelenses, a sede do Hezbollah estava incorporada sob vários prédios civis.
Os militares israelenses também afirmaram nas redes sociais que teriam "eliminado" quase toda a cadeia de comando do grupo extremista. De acordo com o exército israelense, mais de 20 membros do Hezbollah morreram no bombardeio de sexta-feira contra o quartel-general do grupo extremista libanês em Beirute.
Em resposta, o Hezbollah afirmou que continuaria lutando contra Israel, e continuou a disparar foguetes contra o país.
Ataque a rebeldes houthis
Israel lançou ataques aéreos contra usinas de energia e um importante porto marítimo no Iêmen para atingir os rebeldes houthis apoiados pelo Irã.
As Forças Aéreas de Israel informaram neste domingo, 29, em um comunicado postado no X, que "em uma operação aérea de grande escala, dezenas de aeronaves, incluindo caças, aviões de reabastecimento e inteligência atacaram alvos militares do regime terrorista Houthi nas áreas de Ras Issa e Hodeidah no Iêmen".
"O IDF atacou usinas de energia e um porto marítimo, que são usados para importar petróleo". A agência de notícias Houthi divulgou um comunicado respondendo à "agressão israelense em Hodeidah", dizendo: "A frente de apoio iemenita não vai parar, nossos ataques contra o inimigo sionista não vão parar".
O ataque acontece após os houthis terem disparado mísseis contra Israel durante os últimos dois dias, e intensifica os conflitos no Oriente Médio.
Os houthis são rebeldes iemenitas, que pertencem à minoria xiiita do país, e são financiados pelo Irã com armas e apoio militar e logístico. Eles fazem parte do chamado eixo da resistência liderado por Irã, que inclui o Hamas e o Hezbollah.
"Ao longo do último ano, os Houthis têm operado sob a direção e o financiamento do Irã, e em cooperação a milícias iraquianas, a fim de atacar o Estado de Israel, prejudicar a estabilidade regional e interromper a liberdade global de navegação", afirmaram os militares israelenses em comunicado oficial.
Em meados de setembro, o grupo havia feito um ataque de míssil ao centro de Israel, em apoio aos palestinos. À época, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia afirmado que os houthis pagariam um preço alto pelo ataque.
Israel tem feito uma série de ataques a outros países do Oriente Médio nas últimas semanas. No sábado, por exemplo, o país já havia anunciado a morte de Sayyed Hassan Nasrallah, número 1 e principal rosto do Hezbollah, que comandava o grupo extremista no Líbano desde 1992.