Na China, dados econômicos decepcionantes em agosto elevam pressão sobre governo
A situação econômica da China está se agravando, aumentando a pressão sobre Pequim para que aumente o apoio às famílias ou corra o risco de ficar preso em uma rotina de baixo crescimento, marcada pela queda dos preços e disputas comerciais.
A bateria de dados divulgado que inclui produção industrial, vendas no varejo, investimentos em ativos fixos e preços de imóveis, frustrou a expectativa de analistas, mostrando que a atividade enfraqueceu em todos os setores em agosto. Os preços dos imóveis, por exemplo, registraram a maior queda anual em nove anos.
Pequim já sinalizou que mais ajuda está a caminho, mas as políticas que estão sendo lançadas, como cortes nos requisitos de reserva dos bancos, se somam a um menu de medidas fragmentadas lançadas nos últimos anos que até agora falharam em impulsionar a economia para uma marcha mais alta.
A liderança da China, por sua vez, tem se apegado ao objetivo de longo prazo de transformar o país em um colosso tecnológico imune à intromissão ocidental, mesmo que isso aconteça às custas do crescimento de curto prazo ou do reequilíbrio de uma economia que é muito dependente de investimento e indústria. Atualmente, o dinheiro dos estímulos está sendo despejado em fábricas, e especialmente em indústrias prioritárias, como veículos elétricos, semicondutores e equipamentos de energia renovável.
Sem um estímulo mais forte direcionado para aumentar os gastos em vez de expandir a oferta, o risco, dizem os economistas, é que a China entre em um período difícil de queda de preços e crescimento moderado, semelhante à estagnação de décadas do Japão, ou às dolorosas renegociações de dívida que se seguiram às crises imobiliárias anteriores na Europa e nos EUA.
Impacto no setor imobiliário
Os preços de imóveis novos nas principais cidades da China caíram 5,7% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês).
Trata-se do maior declínio do indicador nos últimos nove anos, apesar dos esforços do governo para reverter a crise imobiliária no país, reduzindo as taxas de juros, as restrições à compra de imóveis e prometendo comprar casas não vendidas.
Segundo os dados, dentre as 70 cidades consultadas no levantamento, 68 relataram declínios de preços na comparação com agosto de 2023.