BC tem de perseguir meta de 3% e as expectativas estão acima disso, diz Galípolo
Em meio à postergação do ciclo de baixa da taxa de juros dos Estados Unidos, à piora das expectativas de inflação no Brasil e à retomada da atividade econômica brasileira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galipolo, afirmou que o BC seguirá firme no objetivo de perseguir a meta de 3% da inflação. Para alcançá-la, toda a diretoria hoje nomeada se põe à disposição de elevar juro sempre que necessário, disse.
"Não há centro da meta. O BC tem de perseguir a meta de 3%, e as expectativas estão acima disso. A ata do Copom deixou bem claro que nós estamos dependente de dados, e como eu falei, existe um rol de dados que vão ser publicados (até a próxima reunião), e as alternativas estão abertas", disse Galípolo. "A inflação projetada para os próximos 18 meses está acima da meta, dissemos na ata. Eu disse que inflação acima da meta significava que variáveis estão desconfortáveis", afirmou em evento em Belo Horizonte, mencionando que a inflação no setor de serviços também roda em patamar acima da meta e igualmente desconfortável.
Segundo o diretor, os limites de tolerância do intervalo do alvo do regime em vigor no País não existem para reduzir o esforço da política monetária. Cabe ao BC perseguir a meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). "Melhor fica o arcabouço do BC quanto mais respeitarmos esse conceito."
Ainda de acordo com ele, foi muito importante ter conseguido afastar ceticismo sobre eventual alta de juros. "Havia leitura do mercado de que o BC jogava com uma das mãos amarradas. Havia ceticismo quanto à disposição do BC de aumentar a taxa de juros. A leitura era que o BC estava impossibilitado de usar ferramentas da política monetária."
Melhora das perspectivas para a atividade econômica é um dos pontos de atenção
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse ainda que a melhora das perspectivas para a atividade econômica é um dos pontos de atenção. E que o BC tem por função "tomar os cuidados para que esses indicadores não se transformem em um desarranjo que sinalize o crescimento da demanda numa velocidade muito descompassada do crescimento da oferta".
Segundo ele, uma série de dados que vem demonstrando uma surpresa do ponto de vista da atividade econômica, como um desemprego que está em níveis bastante baixos, com o menor nível de desemprego desde 2014, um crescimento da renda que vem batendo recorde, que vem crescendo muito a renda, um mercado de trabalho que vem se mostrando apertado por diversas métricas. Ele citou ainda um PIB que vem sendo revisado sistematicamente para cima das expectativas de crescimento.
"Obviamente que todos nós, inclusive que estamos lá no Banco Central, entendemos como um êxito a possibilidade que as pessoas possam ganhar mais dinheiro, possam ter mais oportunidades, encontrar mais emprego. Ninguém tem nenhum tipo de sentimento perverso para torcer pelo contrário", comentou.
"Mas a função do Banco Central, o Banco que deve zelar pela inflação, é tomar cuidado para que esses indicadores não se transformem em um tipo de desarranjo que sinalize o crescimento da demanda numa velocidade muito descompassada do crescimento da oferta", disse o diretor do BC. "O BC tenta dissecar quanto economia aquecida está sendo repassada para preços."