Na segunda noite do Festival de Inverno de Palmeira dos Índios, realizada neste domingo (18), o palco foi iluminado pelo talento do renomado cantor e compositor Geraldo Azevedo. Aos 79 anos, o artista pernambucano subiu ao palco com sua característica voz suave e o inseparável violão, para um show que durou quase três horas. O público foi brindado com um repertório que incluiu os maiores sucessos de sua vasta discografia, além de interpretações de músicas de outros ícones da música popular brasileira, como Fagner, Elba Ramalho e Zé Ramalho.

Apesar da performance memorável, que fez o público cantar junto em vários momentos, o show não foi isento de críticas, principalmente por parte do próprio Geraldo Azevedo. Acostumados a apresentações de bandas e artistas com estruturas de palco mais elaboradas, alguns espectadores estranharam o formato mais intimista do show, que contou apenas com a voz e o violão do cantor. Essa percepção foi reforçada pelos comentários de Geraldo durante a apresentação.

Visivelmente incomodado com a disposição do palco, que o mantinha distante do público, o cantor fez questão de expressar seu descontentamento. "Devia ter me contratado com a banda, porque esse negócio aí na frente é pra desfilar. Música, a gente desfila as canções, e é tão bom interagir olhando pras pessoas de perto", desabafou Geraldo, referindo-se à passarela montada à frente do palco, que ele considerou inadequada para o tipo de apresentação que estava fazendo.

Geraldo Azevedo continuou: "Eu acho até antidemocrático esse palco, vocês tão longe de mim, pra alguns artistas desfilarem na frente. Não sei pra que esse desfile. Na verdade, um show de canções é pra desfilar as canções. As músicas estão em prioridade. Não são as bundas das artistas que estão aí na frente, não." Com sua habitual leveza, o cantor brincou: "Da próxima vez que tiver um palco assim, eu vou vestir uma roupinha bem cavadinha pra chegar mais perto de vocês."

Apesar das críticas, o show seguiu com Geraldo se esforçando para criar uma conexão com o público, que, embora distante fisicamente, permaneceu envolvido pela atmosfera criada pelo artista. O cantor ainda ressaltou o quanto gostaria de estar mais perto da plateia, reforçando o valor da interação direta durante suas apresentações.

A noite também contou com a apresentação de Heitor Costa, cuja base de fãs é bastante diferente e não está habituada a artistas do calibre de Geraldo Azevedo. Isso criou uma divergência no público, que estava dividido entre os que esperavam um show mais intimista e aqueles acostumados a uma produção mais moderna e agitada.

O Festival de Inverno de Palmeira dos Índios continua a ser um dos eventos mais aguardados da região, mas a mistura de estilos e expectativas evidenciou a necessidade de se pensar em estruturas e programações que atendam melhor às diferentes atrações e públicos do festival, garantindo que todos possam desfrutar da melhor experiência possível.