Financiamento à indústria é insuficiente e caro, diz Mario Bernardini, da Abimaq
O diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, disse hoje durante o Fórum Estadão Think - A Indústria no Brasil Hoje e Amanhã, evento realizado pelo Estadão em parceria com a Fiesp, que existe crédito para financiar a indústria. O problema, de acordo com executivo, é que esse financiamento é insuficiente e caro.
De acordo com Bernardini, o sistema financeiro nacional empresta para a indústria no Brasil algo em torno de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). O endividamento das empresas lá fora, a média da União Europeia é de 75% do PIB, Estados Unidos e Japão é de quase 100% do PIB, e a China, não à toa, 150% do PIB.
"Comparado com isso não temos financiamento. E não temos financiamento porque o brasileiro não gosta de pegar dinheiro emprestado? Não, ele pega dinheiro emprestado todos os dias. O problema é que se a gente fizer a conta, estes 20% do
PIB que a indústria pega, comparado com o faturamento vai a 33%", contabiliza Bernardini.
A conta dele considera o faturamento da indústria de R$ 6,8 trilhões em 2022, com PIB de R$ 10 trilhões. "Fazendo a relação, os 20% do PIB dá 33%. A gente não toma mais recursos porque a custos correntes no Brasil, o capital de giro no é acima de 20%. Tomando financiamento de 33%, tenho um custo final sobre o meu faturamento de 6%. Como a margem da indústria é de 8%, se eu tomar mais de 33% de financiamento no Brasil, eu quebro", disse o diretor da Abimaq, acrescentando que o custo do financiamento passa a ser maior que o lucro da indústria.
"Se o financiamento é a seiva que alimenta a indústria, são os vampiros que estão se alimentando, a indústria não. Então, se você me pergunta se temos financiamento, a resposta é essa: pouco e caro", disse Bernardini.