Perna do tripé que 'mais fraquejou' até agora foi responsabilidade fiscal, diz diretor do BC
O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, disse que a responsabilidade fiscal é a perna do tripé macroeconômico que "mais fraquejou" até agora. Desde 2009, quando o País começou a ter dificuldades para entregar superávits primários consistentes, a política fiscal do Brasil tem sido "no mínimo inconstante", afirmou.
"A nossa política fiscal tem sido no mínimo inconstante. Ela sofre de, vamos dizer assim, uma crônica falta de credibilidade, e isso reflete em grande parte os resultados desapontadores que nós tivemos em muitos desses anos", disse, em uma live do BC para comentar os 30 anos do real.
Sem credibilidade da política fiscal, o custo de se levar a inflação para a meta fica mais elevado, disse Gomes. O diretor do BC também afirmou que é necessário fazer com que a política fiscal torne-se mais contracíclica, isto é, seja expansionista quando a economia está fraca e contracionista quando a atividade cresce com mais vigor.
"Se a política fiscal está sempre expansionista, você coloca muita pressão nas outras duas pernas do tripé macroeconômico, o que pode levar a desvalorizações ou colocar muita pressão na política monetária", disse Gomes. Ele lembrou que desinflacionar a economia apenas via política monetária é mais custoso em termos de atividade.
Dias Gomes disse ainda que, hoje, há um "grande esforço" para recuperar a credibilidade fiscal do Brasil. Reiterou, também, que o Comitê de Política Monetária (Copom) tem o "compromisso absoluto" em fazer com que a inflação convirja para a meta, cujo centro é de 3%.