Fitch reafirma rating do Brasil em 'BB', com perspectiva estável
A Fitch Ratings reafirmou a classificação do Brasil em "BB", com perspectiva estável. A agência de risco aponta a "economia grande e diversa" e a alta renda per capita do País como pontos que sustentam o rating brasileiro. São citados também os mercados locais que apoiam a flexibilidade do financiamento soberano e a baixa parcela da dívida em moeda estrangeira.
No entanto, o potencial de crescimento baixo, a governança fraca e o crescimento da relação da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) são limitadores da classificação de risco brasileira.
A Fitch diz que há perspectivas incertas de redução de grandes déficits no orçamento, apesar da implementação do arcabouço fiscal.
Para a agência, essa continua a ser uma fonte importante de vulnerabilidade macroeconômica, com repercussões adversas para a confiança do mercado e a política monetária.
A Fitch projeta um déficit primário de 0,7% do PIB em 2024, o que implica um desvio modesto da meta. "A regra fiscal do Brasil exigirá cortes de gastos caso as projeções oficiais sinalizem tal desvio, e poderá haver pressão para flexibilizar as metas para evitar isso, constituindo um teste a este novo quadro", diz o relatório. A Fitch prevê ainda que grandes déficits fiscais devem elevar a dívida bruta do governo geral de 74,4% do PIB em 2023 para 76,8% em 2024.
As perspectivas fiscais após 2024, segundo a agência, são ainda mais incertas. "No médio prazo, o crescimento inercial das despesas obrigatórias indexadas exigirá uma forte compressão das despesas discricionárias para cumprir um limite máximo de despesas. É provável que sejam necessárias alterações legais nas despesas obrigatórias e, embora as opções estejam a ser consideradas, elas não têm um apoio claro por parte do governo", diz o relatório da Fitch.
A Fitch projeta, por fim, que a economia do Brasil cresça 1,7% em 2024, abaixo dos 2,9% vistos em 2023. A Fitch manteve a sua projeção inalterada, apesar do impulso mais forte do que o esperado no início do ano, devido à política monetária mais restritiva do que o esperado e ao impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, cuja magnitude ainda não é totalmente clara.