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'Há sinais de fragmentação do comércio mundial, mas ainda não 'desglobalização', diz Gopinath

Publicado em 07/05/2024 às 18:38

A primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, alertou para os crescentes sinais de fragmentação da economia global, embora entenda que o cenário atual ainda não se configura uma 'desglobalização' - fenômeno que descreve a significativa reversão da integração comercial do planeta.

Em longo discurso na Stanford Institute for Economic Policy Research, Gopinath explicou que os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) têm sido redirecionados com base em parcerias geopolíticas. Um sinal disso é o fato de vários países reavaliarem o papel do dólar em suas trocas comerciais, de acordo com ela.

Para Gopinath, o processo não necessariamente é negativo, porque pode ajudar os países a criarem resiliência. "Mas se a tendência continuar, poderemos ver um amplo retrocesso nas regras globais de engajamento e, com isso, um uma reversão significativa dos ganhos da integração econômica", adverte.

A economista afirma que as restrições ao comércio mais que triplicaram desde 2019, sobretudo após a invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022. Apesar disso, a proporção do comércio para o Produto Interno Bruto (PIB) permanece estável entre 41% e 48% desde a crise financeira global de 2008, conforme Gopinath.

Para ilustrar o contexto, Gopinath separou o mundo em três blocos: um com os país alinhados aos EUA, outro com as nações mais ligadas à China e um terceiro grupo das economias neutras.

Segundo ela, houve uma diminuição no crescimento do comércio entre esses agrupamentos, mas não foi tão grave. "Isto acontece porque parte do comércio e do investimento estão sendo reencaminhados através de países terceiros, compensando parcialmente a erosão das ligações diretas entre os EUA e a China", destaca.