Termina a segunda sessão da reunião de análise de conjuntura do Copom
A segunda sessão da primeira parte da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central terminou há pouco, às 17h49. A primeira fase do encontro, que se estende até a manhã de quarta-feira, 8, com três sessões, é de análise da conjuntura, quando o colegiado revisita temas importantes para a tomada de decisão da taxa Selic. A definição dos juros básicos, atualmente em 10,75% ao ano, acontece amanhã à tarde e o novo nível será divulgado a partir de 18h30.
No mercado, é levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optará por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, depois de um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp, iniciado em agosto do ano passado. Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo é a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros - 20 instituições permanecem nesta posição.
Na reunião anterior, em março, os membros do Copom reduziram o período do forward guidance, retirando a sinalização de novos cortes do mesmo tamanho no plural. Com a mudança, o colegiado passou a mirar apenas o encontro atual, com o BC indicando um corte da mesma magnitude. Ao justificar a mudança, o colegiado alegou o aumento das incertezas domésticas e, principalmente, do exterior. Desde então, o quadro vem se mostrando ainda mais extremo e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, passou a adotar um discurso avaliado como mais hawkish em suas participações públicas.
Mais recentemente, houve a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), pode demorar mais tempo do que o esperado para reduzir suas taxas. Além disso, há uma preocupação ainda com a área fiscal doméstica, a resiliência do mercado de trabalho e as incertezas sobre a possibilidade de contágio para a inflação, em especial, a de serviços. Para completar, a tragédia com as enchentes no Rio Grande do Sul adiciona mais incertezas em relação à atividade e à perseguição da meta fiscal, a depender do modelo escolhido pelo governo federal para socorrer o Estado.
Houve alterações nas estimativas do mercado financeiro também colhidas pelo Projeções Broadcast para as próximas reuniões do Copom, elevando a mediana de junho de 10,00% para 10,25% ao ano e a de julho, de 9,75% para 10,00%. Algumas casas passaram a prever, inclusive, que a Selic terminará o atual ciclo em 10,25% ao ano - na ponta mais otimista, uma casa projeta uma taxa de 8,00% aa.
Ao comentar sobre a diminuição de prazo do forward guidance, em entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Paulo Picchetti, disse que poderia ser uma ferramenta para o colegiado "ir mais devagar para chegar mais longe". Os membros da cúpula da autoridade monetária têm evitado falar sobre números ligados ao juro terminal para não criar ruídos na comunicação do BC.
De acordo com o Boletim Focus, a mediana para a inflação de 2024 passou de 3,79% no último Copom, em março, para 3,72% na divulgação de ontem. Já para 2025, houve nova alta, de 3,51% para 3,53%, enquanto a estimativa para 2026 continuou estacionada em 3,50% - todas desancoradas em relação à meta contínua de 3,00%. O Relatório Trimestral de Inflação de março mostrou que a estimativa do BC para a inflação permaneceu em 3,5% para 2024 e em 3,2% para 2025. Para 2026, a expectativa é de uma alta de 3,2%.