Emgea fará 'síntese' para que mercado de recebíveis se desenvolva, afirma Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o papel da Empresa Gestora de Ativos (Emgea) no programa Acredita, de acesso a crédito e renegociação de dívidas, será de "síntese" para que o mercado de recebíveis se desenvolva. De acordo com ele, os limites para a atuação da companhia serão dados pela "boa prática de mercado", que vai analisar, por exemplo, a qualidade do crédito.
"O que a Emgea vai fazer é usar o capital que ela tem, não vai exigir aporte da União, para criar um mercado secundário de títulos imobiliários", afirmou o ministro em coletiva de imprensa após lançamento do programa nesta segunda-feira, 22, no Palácio do Planalto.
Em sua avaliação, há hoje um "descasamento" entre os títulos que são criados na venda do imóvel e os possíveis interessados no crédito.
"O que a Emgea vai fazer é essa síntese necessária para que esse mercado se desenvolva. No mundo inteiro é assim", pontuou o ministro.
De acordo com o presidente da Caixa, Carlos Vieira, o programa lançado nesta segunda-feira aumentará o acesso ao crédito imobiliário do País. "A medida adotada vai permitir que a Caixa e os outros bancos possam usar seu crédito primário estimulando o mercado secundário e, com isso, abrindo espaço para que a gente possa fazer novas contratações, independentemente do orçamento que a gente tenha definido de forma primária", explicou.
Papel de Galípolo
Na cerimônia de lançamento do Acredita, Haddad destacou ainda o papel do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, na elaboração de parte do pacote de medidas para o crédito lançado nesta segunda-feira pelo governo. O trabalho de Galípolo, segundo Haddad, começou enquanto ele ainda era secretário-executivo da Fazenda, e continuou, mesmo após sua ida para o BC, por indicação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente nas iniciativas voltadas ao crédito imobiliário e de hedge cambial.
Em tom descontraído, Haddad ainda fez uma brincadeira sobre a relação entre o governo Lula e o BC, que ganhou autonomia durante a gestão Bolsonaro - o que foi criticado por parte dos petistas.
"Não é porque ele é autônomo que precisamos ficar de mal com ele. Podemos continuar conversando com ele e desenvolvendo coisas importantes", disse Haddad ao citar a parceria com Galípolo, acrescentando ainda que a integração deve estar cada vez mais presente entre os órgãos públicos.
"Somos todos servidores públicos, precisamos estar cada vez mais integrados, pensando num futuro comum, não colocando órgãos públicos em conflito uns com outros", disse na cerimônia no Palácio do Planalto para lançar o pacote de medidas de crédito, com a presença de Lula, ministros e também de Galípolo.