Julgamento de Trump em NY: com júri completo, alegações iniciais são agendadas
O tribunal de Manhattan concluiu nesta sexta-feira, 19, a escolha dos seis suplentes que podem ser convocados a decidir o futuro de Donald Trump caso um dos 12 jurados precise se retirar do caso ou seja retirado. Isso encerra a primeira etapa, de composição do júri, e abre caminho para que a fase de alegações iniciais, quando acusação e defesa apresentam o caso, comece na segunda-feira, 22.
Trump é o primeiro ex-presidente da história americana a enfrentar um julgamento criminal. Ele responde a 34 acusações de fraude fiscal envolvendo o pagamento de U$S 130 mil a atriz pornô Stormy Daniels. Segundo a acusação, teria falsificado documentos das Organizações Trump para esconder o depósito, com o objetivo de impedir que um caso viesse à público antes das eleições de 2016. Ele nega.
Logo após dar por encerrada a composição do júri, o juiz Juan Merchan anunciou uma pausa nos trabalhos do tribunal. Praticamente ao mesmo tempo, do lado de fora, um homem que estava na área isolada para apoiadores do líder republicano, ateou fogo em si mesmo. Ele foi levado para o hospital gravemente ferido. Não ficou imediatamente claro o que motivou sua ação.
Depois do intervalo, teve início a audiência que discute se os procuradores podem confrontar Donald Trump com suas derrotas em ações civis, caso ele decida depor.
A Justiça de Nova York declarou o magnata culpado por fraude e ordenou multa bilionária no processo que o acusava de inflar o próprio patrimônio para conseguir vantagens financeiras. Também na esfera civil, Trump foi declarado culpado por agressão sexual contra escritora e jornalista E. Jean Carroll. Em ação separada, ele foi multado por difamá-la.
Esses são alguns dos pontos da vida pregressa de Donald Trump que os procuradores pretendem explorar no julgamento. O resultado da audiência é esperado para segunda de manhã e tende a influenciar na decisão da defesa de colocar o réu para depor ou não.
Trump tem dito que pretende testemunhar, mas não é obrigado e poderia mudar de ideia, caso os procuradores sejam autorizados a trazer as ações em que foi derrotado para este julgamento. A defesa se manifestou contra.
Em outro embate processual, os advogados conseguiram uma vitória. Os procuradores tentaram manter longe dos olhos do público evidências que incluem 39 mil registros telefônicos de Michael Cohen, o ex-advogado de Donald Trump que deve ser uma das peças-chave da acusação. Ele admitiu ter feito o pagamento a Stormy Daniels e foi condenado a três anos de prisão.
Os promotores alegaram que o conjunto de provas diz respeito a pessoas que não estão envolvidas no caso. Os advogados, por outro lado, argumentaram que lacrar as evidências violaria o direito a um julgamento público. Juan Merchan concordou com a defesa.
Em paralelo, a equipe de Donald Trump mantém a estratégia de esgotar todos os recursos possíveis no esforço de adiar o julgamento. Seus advogados recorreram ao tribunal de apelações nesta tarde alegando que o juiz Merchan teria apressado a escolha dos jurados, impedindo Trump de ter um júri justo e imparcial, e defenderam que o julgamento fosse suspenso enquanto tentam retirar o caso de Manhattan.
O recurso foi negado, como havia acontecido com pedidos similares da defesa anteriormente.
Nesta sexta, o juiz Juan Merchan repreendeu a defesa por tentar, repetidas vezes, obter novas decisões em questões pré-julgamento que já foram estabelecidas. "Eu considerei seus argumentos de boa fé, tomei decisões, mas em algum momento, você precisa aceitar as decisões do tribunal", disse. "Não há mais nada a esclarecer. Não há mais nada para discutir. Teremos declarações de abertura na segunda-feira de manhã", reforçou.
Ao deixar o tribunal, Trump insistiu que seria vítima de uma "caça as bruxas" e repetiu, mesmo sem evidências, que os processos seriam parte de uma estratégia para atingir sua candidatura. "O que está acontecendo aqui com o sistema judiciário é uma afronta", disse. "Essa é a única maneira que eles acham que podem vencer, mas não vai funcionar", concluiu.
O líder do Partido Republicano também enfrenta acusações pelos documentos secretos encontrados na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, e pela tentativa de reverter a derrota para Joe Biden em 2020. Ainda assim, avança para o que promete ser uma disputa acirrada contra Biden na eleição de novembro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)