Seleção de jurados avança e Trump acusa juiz de 'apressar' julgamento em Nova York
A seleção do júri que decidirá se Donald Trump, o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a sentar no banco dos réus, é culpado ou inocente no caso Stormy Daniels avançou rapidamente nesta terça-feira, 16, com a escolha de sete jurados. Ao todo, serão 12 mais seis suplentes.
Os trabalhos do tribunal serão retomados na quinta e, se o for ritmo mantido, as alegações iniciais (quando acusação e defesa apresentam o caso) podem ter início na segunda, afirmou o juiz Juan Merchan.
Ao deixar o tribunal em Manhattan, Trump acusou o juiz de "apressar" o julgamento e repetiu que seria vítima de uma perseguição. "Ele está fazendo o máximo que pode pelos democratas. Essa é uma caça às bruxas inspirada por (Joe) Biden e deve acabar", declarou mesmo sem qualquer evidência de interferência da Casa Branca na ação da Justiça de Nova York.
Mais cedo, o líder do Partido Republicano reclamou que deveria estar em campanha. Ele se mostrou contrariado no tribunal e chegou a ser repreendido pelo juiz: "Não vou permitir que jurados sejam intimidados", alertou Merchan aos advogados de Trump ao vê-lo resmungar.
Advogados e promotores vasculharam as redes sociais dos potenciais jurados - cidadãos anônimos indicados por sorteio - que foram questionados sobre a opinião que têm de Donald Trump e capacidade de agir com isenção. Cada lado pode rejeitar até dez pessoas e várias dispensas já foram pedidas. A defesa, por exemplo, conseguiu excluir um candidato que defendeu a prisão de Trump numa publicação de 2017.
Na véspera, metade do primeiro grupo com 96 jurados em potencial se declarou parcial e foi dispensada o que expôs o desafio para a composição do júri, etapa que é considerada decisiva para os dois lados. O primeiro dia foi encerrado sem que um jurado sequer fosse escolhido, mas o processo avançou mais rápido que o esperado quando os trabalhos foram retomados na manhã desta terça.
Os escolhidos são um profissional de tecnologia da informação, um professor de inglês, uma enfermeira, um vendedor, um engenheiro de software e dois advogados. Ainda faltam 11 entre jurados e suplentes.
Para garantir a privacidade, eles serão identificados no julgamento apenas por números. Tanto os procuradores como os advogados receberam a lista com os nomes, mas estão proibidos de divulgar.
Se for considerado culpado, o líder do Partido Republicano pode ser condenado a quatro anos de prisão. Ele responde a 34 acusações de falsificação de registros da Trump Organization, segundo a acusação, para camuflar o pagamento de US$ 130 mil a atriz pornô Stormy Daniels e esconder um antigo caso extraconjugal na campanha de 2016. Trump nega.
Esse é o primeiro dos seus quatro processos criminais a chegar aos tribunais. O magnata que tenta voltar à Casa Branca também é acusado pelos documentos secretos encontrados na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, e pela tentativa de reverter a derrota nas eleições de 2020 (sendo uma ação federal, do Departamento de Justiça, e outra no Estado da Georgia).
Apesar dos problemas com a Justiça, ele derrotou com facilidade os rivais nas prévias do Partido Republicano e avança para o que promete ser uma disputa acirrada contra o democrata Joe Biden. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)