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Ex-vice-presidente é preso por traição e corrupção na Venezuela

Publicado em 10/04/2024 às 05:13

O ex-ministro do Petróleo e ex-vice-presidente da Venezuela Tareck El Aissami foi preso nesta terça-feira, 9, acusado de traição e corrupção. A Procuradoria-Geral afirma que ele, que já foi um poderoso ministro de confiança do ditador, Nicolás Maduro, está envolvido em um esquema de desvio de dinheiro da estatal petroleira PDVSA.

Sua prisão foi anunciada pelo procurador-geral, Tarek William Saab, explicando que ele será acusado de cinco crimes, incluindo traição à pátria e lavagem de dinheiro. Outras duas pessoas foram presas: o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento (Fonden) Simón Alejandro Zerpa e o empresário Samark José López.

Exemplo

Eles serão acusados dos crimes de "apropriação ou desvio de patrimônio público, ostentação ou valorização de relações ou influência". Segundo o procurador-geral, todos "receberão uma punição exemplar". Ele também divulgou um vídeo do momento da prisão: o ex-chefão do petróleo aparece algemado com camiseta e agasalho esportivo, escoltado por dois funcionários. Saab não disse onde o ex-ministro foi preso.

Segundo o procurador-geral, a prisão levou tempo devido às várias etapas da investigação. Ele ligou o ex-ministro a um esquema que envolvia a venda de petróleo venezuelano pela agência de supervisão de criptomoedas do país, em paralelo com a PDVSA.

Alvo de sanções dos EUA, Aissami, de 49 anos, também foi designado por Washington como chefe do narcotráfico, em 2017, em conexão com atividades nos seus cargos anteriores como ministro do Interior e governador. Ele vice-presidente de Maduro entre 2017 e 201, e de seu antecessor, Hugo Chávez.

Queda

Aissami havia assumido o cargo de ministro do Petróleo em 2020 para uma reestruturação em meio à pandemia. Entre as medidas, ele retomou operações com petroleiras estrangeiras, como a americana Chevron, aproveitando o momento em que os americanos começavam a relaxar as sanções impostas a Caracas.

No ano passado, contudo, foram reveladas as investigações que miravam a venda de petróleo por criptoativos, o que levou a renúncia de Aissami. Ao entregar o cargo, ele escreveu que apoiava o processo em nota publicada no dia 20 no X (antigo Twitter). Desde então, não foi mais visto em público, nem se manifestava nas redes sociais.

A procuradoria afirma que os acusados vendiam produtos da PDVSA abaixo do valor de mercado e desviavam recursos públicos, além de cobrar comissões e subornos. Na primeira etapa da investigação, há um ano, foram presos 61 funcionários, políticos e empresários venezuelanos.

Manobra

A venda de petróleo por meio de criptoativos foi uma aposta do governo para driblar as sanções financeiras impostas por Washington contra a Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo no mundo - 297 bilhões de barris.

O governo não disse quanto o Estado perdeu em resultado das transações obscuras. Mas documentos internos da PDVSA, obtidos pela agência Associated Press, mostram que a companhia estatal devia US$ 10,1 bilhões, em agosto de 2022, a 90 empresas, na sua maioria desconhecidas, que surgiram como grandes compradores de petróleo venezuelano desde que os EUA impuseram as sanções.

Outros US$ 13,3 bilhões (cerca de R$ 65 bilhões) eram devidos diretamente ao governo venezuelano, em resultado de uma manobra de contabilidade da PDVSA. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.