Haddad e Alckmin reforçam pressão para BC acelerar a queda dos juros
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, engrossaram o coro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha para reduzir a taxa básica de juros, Selic, mais rapidamente no Brasil. Enquanto Haddad dava entrevista em São Paulo, após a divulgação em Brasília do relatório bimestral de despesas e receitas, Alckmin - que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços - participava de inauguração de um centro de inovação no Rio. Mas o discurso foi o mesmo: o Banco Central (BC) precisa aumentar a velocidade do corte da Selic.
No último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgado na quarta-feira, 20, a autoridade monetária sinalizou a possibilidade de mudar o atual ritmo de corte dos juros, ao referendar uma nova redução de 0,5 ponto porcentual apenas para a reunião de maio.
Apesar disso, o ministro Fernando Haddad se disse "otimista" em relação à possibilidade de continuidade nos cortes da Selic, ainda que o comunicado do BC não tenha se comprometido com o atual ritmo. O BC fez cortes de 0,50 ponto porcentual nas últimas seis reuniões. Com isso, a taxa básica de juros atualmente caiu para 10,75% ao ano.
"Eu acredito que ele (Banco Central) resolveu aguardar junho para tomar uma decisão", disse Haddad, ao ser questionado sobre o comunicado mais recente do Copom.
"Ele não falou que vai aumentar para 0,75 (ponto porcentual), nem que vai manter meio ponto, nem diminuir para 0,25 (ponto porcentual). Eu vou tirar o plural para ter liberdade de tomar decisão à luz do que estiver acontecendo no mundo. E eu sou otimista com relação ao que estará acontecendo no mundo até lá", disse o ministro.
Ao citar o termo "plural", ele se refere ao fato de o comunicado do Copom mencionar que deve realizar outro corte de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião (em maio), mas sem deixar claro que os cortes continuarão na mesma proporção nas reuniões seguintes.
Haddad repetiu que espera em meados deste ano o início de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e na Zona do Euro, e que este cenário é baseado tanto no que o próprio mercado prevê quanto em conversas com as autoridades monetárias dessas regiões. "Se isso acontecer, desanuvia o ambiente econômico internacional. Como a nossa inflação está mais bem comportada do que a de nossos pares e até que a de alguns países desenvolvidos, não vejo razão para este ciclo não continuar", afirmou.
'Uma das piores coisas'
No Rio, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou que "o juro alto é uma das piores coisas que temos para a economia". Ele ressaltou que o ritmo de queda da taxa deveria ser mais acelerado. "O juro ainda é alto, mas está em queda, caindo 0,5 ponto porcentual em cada encontro. Deveria ser mais rápido."
"Estamos começando um novo ano com um quadro interessante", disse, frisando a queda do risco país, do câmbio, do desemprego e da inflação, além do avanço do PIB. "O câmbio - de R$ 5 a R$ 4,90 - está variando pouco e está competitivo, ajuda exportação e turismo."
O vice-presidente afirmou ainda que, conforme um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 15 anos, a reforma tributária pode fazer o Produto Interno Bruto (PIB) crescer 12% porque traz eficiência econômica. "A reforma fiscal desonera investimento e exportação."
Alckmin participou ontem da inauguração do Cápsula, Centro de Inovação Senac RJ, no centro do Rio. O local oferecerá laboratórios, estúdios, espaços para prototipagem de serviços, áreas de uso compartilhado para coworking, salas multiúso e para cursos de extensão, auditório e espaços de eventos.
O presidente da Fecomercio-RJ, Antonio de Queiroz Junior, declarou que o Brasil sofre de desemprego estrutural, com vagas abertas e sem profissionais capacitados para ocupar os postos abertos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.