Cresce no mercado financeiro a avaliação negativa do governo
Pesquisa da Genial/Quest divulgada nesta mostra que houve uma piora na avaliação do governo Lula pelo mercado financeiro. O índice de reprovação do governo federal entre os executivos do mercado financeiro subiu de 52%, em novembro, para 64% no levantamento publicado nesta quarta-feira. A avaliação "regular" da gestão do petista caiu de 39% para 30%, enquanto que o índice de aprovação encolheu de 9% para 6%. Os dados foram coletados entre os dias 14 e 19, já captando portanto o impacto das tentativas do presidente de interferir na troca de comando da Vale e da decisão da Petrobras, tomada a pedido de Lula, de reter os dividendos extraordinários.
Os efeitos negativos dessa movimentação de bastidor do Planalto foram imediatos: a pesquisa mostrou que para os gestores do mercado financeiro o maior risco para o governo Lula neste momento é o intervencionismo na economia. Metade dos entrevistados (50%)apontaram o intervencionismo na economia como a maior ameaça ao atual governo, mais do que o estouro da meta fiscal, citado por 23%, e a perda da popularidade do presidente (19%).
Descolado
A piora na avaliação do governo Lula, porém, não contaminou a opinião no mercado financeiro sobre o trabalho conduzido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerado positivo por metade (50%) dos participantes da pesquisa. A aprovação de Haddad entre tomadores de decisão em fundos de investimento subiu em relação à sondagem anterior, quando 43% consideravam positiva a sua gestão à frente da pasta.
A avaliação de que o ministro faz um trabalho regular também subiu, de 33% para 38%, de modo que a reprovação de Haddad - ou seja, a avaliação negativa - caiu pela metade, de 24% para 12%. Na visão de pouco mais de metade dos entrevistados, ainda, Haddad está hoje mais forte do que no começo do mandato.
Em nível ainda mais elevado está a aprovação no mercado à atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que avançou de 85%, na pesquisa anterior, para 94%. Quem também apareceu com boas avaliações na pesquisa foram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com aprovação de 62%, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 34%.
Apesar do prestígio do ministro da Fazenda os gestores de recursos, a Pesquisa Genial/Quest mostrou uma rejeição forte à política econômica do governo, cuja direção é vista como errada por 71% dos participantes da pesquisa. No entanto, a percepção de que a situação econômica vai piorar nos próximos doze meses recuou de 55% para 32% desde novembro.
Esta foi a primeira pesquisa Genial/Quaest feita neste ano. Foram ouvidos gestores, economistas, operadores e analistas de fundos sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro, por meio de 101 entrevistas feitas de forma online, com a aplicação de questionários estruturados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.