Mídia: cientista brasileiro tem mais de 30 estudos cancelados por suspeita de fraudes
O biólogo brasileiro Guilherme Malafaia Pinto, do Instituto Federal Goiano, está sendo investigado por ter usado o nome de outros cientistas sem consentimento para falsificar uma revisão independente dos próprios estudos, de acordo com a revista especializada Science.
Para serem publicados em revistas especializadas, estudos devem passar por uma revisão de outros especialistas — aprovação via revisão por pares.
De acordo com um artigo da revista publicado nesta semana, o cientista brasileiro criou e-mails com nomes de outros cientistas para se passar pelos revisores dos estudos que ele submeteu para publicação.
De acordo com a revista, um dos que tiveram a identidade roubada no processo foi o toxicologista Michael Bertram, que disse ter se sentido "enojado" pela história e decidiu vir a público para revelar a descoberta da fraude.
Malafaia publicou uma "Carta aberta à comunidade científica" de 28 páginas em seu site e a enviou também à revista, negando a fraude:
"É inconcebível pensar que qualquer conquista que eu tenha alcançado tenha sido construída com base na falsificação de e-mails ou na emissão de opiniões inautênticas", afirma ele.
Ele alegou ainda que hackers podem ter acessado seus dados profissionais e pessoais:
"Considerei muitas possibilidades, e essas questões me assombram: poderia alguém estar tentando deliberadamente prejudicar minha reputação e sabotar minha carreira científica?", Malafaia escreveu em um e-mail para a Elsevier, citado na carta aberta. "Isso poderia ser uma tentativa de desestabilizar o próprio sistema editorial, explorando vulnerabilidades para minar o processo de revisão por pares?"
Malafaia tem até agora 34 trabalhos sob suspeita, originalmente publicados na revista Science of The Total Environment (Stoten). O número deixa o goiano entre os cientistas com mais estudos cancelados no mundo.
A Science acrescentou que a editora da revista já retirou mais de 20 artigos de seus arquivos e poderá remover mais 47, dos mais de 70 artigos que Malafaia publicou na revista.
O Instituto Federal Goiano ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Por Sputinik Brasil