Jogos de Paris começam com problemas dentro e fora das arenas: vandalismo, assaltos e prisões
Os Jogos Olímpicos de Paris-2024 começam oficialmente nesta sexta-feira, mas incidentes têm gerado preocupações sobre como a organização lidará com um tema tão sensível e frequentemente abordado durante o ciclo de preparação da França para voltar a abrigar o evento esportivo após 100 anos: a segurança. Consultado pela reportagem do Estadão, o Comitê Olímpico Internacional (COI) se manifestou sobre o tema e garantiu que a prioridade da organização é garantir a segurança.
"A segurança e o bem-estar de todos os participantes dos Jogos são nossa principal prioridade para Paris-2024 e nossos planos são baseados em fornecer o mais alto nível de segurança que a França pode oferecer. Estamos avaliando regularmente nossos planos de segurança em coordenação com os serviços de segurança e inteligência do Estado, além de nos adaptarmos aos eventos para que possamos garantir a segurança de todas as partes interessadas. Um exemplo disso é que, após o incidente no jogo Marrocos x Argentina, medidas de segurança reforçadas - incluindo uma presença de segurança reforçada ao lado do campo - serão implementadas para futuras partidas no Estádio Saint-Étienne", disse o COI à reportagem.
Logo no primeiro dia de competições, na quarta-feira, houve invasão de campo por torcedores marroquinos nos minutos finais do polêmico jogo com a Argentina pelo futebol masculino. A bola voltou a rolar após duas horas para o encerramento da partida. O caso foi tratado pelas autoridades como algo de menor potencial, mas ajustes já entraram em vigor no dia seguinte, com atenção redobrada da equipe de segurança das arquibancadas para a estreia do futebol feminino.
No mesmo dia, o técnico da Argentina, Javier Mascherano, afirmou em entrevista que pertences pessoais do jogador Thiago Almada, do Botafogo, foram furtados durante treinamento da seleção em Saint-Étienne. Os relógios e anéis do atletas valem cerca de R$ 300 mil.
Nesta semana, um homem russo, de 40 anos, foi preso por suspeita de participação em um esquema cujo intuito era causar problemas de "larga escala" na realização desses Jogos Olímpicos. Não há informações sobre qual a natureza das ações planejadas por ele, que morava na França há mais de 10 anos e teria ligações com o serviço de inteligência do país do Leste Europeu.
Pelo lado brasileiro, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) relatou problemas de organização referentes ao transporte de atletas, com atraso dos ônibus que fazem o traslado e confusão nos caminhos para os locais de treinamento e competição, além da pouca variedade de proteína animal ofertada aos atletas no super-refeitório da Vila Olímpica. Por isso, na sede do Time Brasil, em Saint-Ouen, região próxima a Saint-Denis onde fica a Vila, há refeições mais adequadas para os competidores brasileiros.
O caso do furto de bens do ex-jogador Zico, um dos embaixadores do Time Brasil em Paris, também assustou. O ídolo do Flamengo carregava um relógio Rolex, um colar de diamante e dinheiro em uma espécie em uma pasta, que foi colocada no banco de trás de um táxi, quando dois ladrões a pegaram sem que ele notasse.
Nesta sexta-feira, a "sabotagem" aos equipamentos dos trens de alta velocidade da França que ligam cidades francesas a Paris deixaram resquícios na delegação brasileira. Segundo o COB, o chefe da missão brasileira em Paris, Rogério Sampaio, enfrentou dificuldades para chegar a Paris, após acompanhar a vitória da seleção brasileira feminina de futebol por 1 a 0 sobre a Nigéria em Bordeaux. Rogério tenta chegar a tempo de se reunir com a delegação brasileira na Vila Olímpica para o deslocamento rumo à cerimônia no Rio Sena. Existe o risco de a delegação desfilar sem o chefe da missão.
Ao caminhar pela capital francesa, a reportagem do Estadão notou a presença de um policiamento ostensivo. São 45 mil policiais de 44 países diferentes, incluindo sete do Brasil, 10 mil militares e 2 mil agentes de segurança espelhados pela cidade para garantir a segurança durante a cerimônia que abrirá os Jogos. A reportagem abordou duas policiais e um policial, mas nenhum dele quis falar, sob o argumento de quem podem sofrer punições caso deem entrevistas.