CINEMA

Diretor comenta pela primeira vez filme sobre Bolsonaro: 'Sabia que era figura controversa'

Cyrus Nowrasteh afirma que longa busca retratar de forma complexa e honesta o ex-presidente, com estreia prevista para 2026.

Publicado em 17/12/2025 às 19:16
Cyrus Nowrasteh Reprodução / Instagram

O cineasta Cyrus Nowrasteh, diretor do filme Dark Horse, que aborda a trajetória de Jair Bolsonaro, falou publicamente pela primeira vez sobre o projeto, cuja estreia está prevista para 2026.

Em entrevista à BBC Brasil, Nowrasteh afirmou que o filme será um "retrato complexo e honesto" do político brasileiro. Ele explicou que se sentiu motivado a dirigir a obra ao perceber "muitas perguntas sem resposta" sobre o atentado a faca sofrido por Bolsonaro em 2018, considerando relevante explorá-las no cinema.

Nowrasteh revelou que, inicialmente, estava desenvolvendo outro projeto no Brasil quando um produtor americano o colocou em contato com a produtora GoUp Entertainment, de Karina Ferreira da Gama, e com o deputado federal Mário Frias (PL-SP), idealizador do filme.

"Eles queriam fazer algo sobre Bolsonaro. Fiquei impressionado com Mário e sua paixão pelo projeto. Eu sabia que Bolsonaro era uma figura controversa e polarizadora — mas também muito querida", declarou o diretor.

Segundo Mário Frias, o roteiro apresenta o ex-presidente relembrando sua trajetória em flashbacks, enquanto passa por cirurgias, e encerra com sua eleição.

"Vejo a obra como um thriller político contemporâneo, que ajudará a iluminar muito do que está acontecendo no Brasil hoje — e no mundo", destacou Nowrasteh.

As filmagens de Dark Horse foram concluídas neste mês. O longa conta com o ator Jim Caviezel — conhecido internacionalmente por interpretar Jesus em A Paixão de Cristo (2004) — no papel de Bolsonaro. As primeiras imagens foram divulgadas recentemente nas redes sociais por políticos e apoiadores do ex-presidente.

Reconhecido por produções com apelo cristão e político, Cyrus Nowrasteh já foi coautor do roteiro do filme brasileiro-americano Jenipapo, dirigido por Monique Gardenberg. Seu trabalho de maior destaque é O Apedrejamento de Soraya M (2008), que narra a história real de uma mulher muçulmana condenada à morte no Irã após uma acusação falsa de adultério.

O diretor também assinou O Jovem Messias (2016), Sequestro Internacional (2019) — sobre um jornalista cristão preso no Irã —, e Sarah's Oil (2025), que conta a história de uma menina negra cuja fé a faz acreditar que sua terra herdada é rica em petróleo.

Nowrasteh comparou seu trabalho em Dark Horse ao de cineastas como Costa-Gavras e Oliver Stone, este último responsável pelo documentário Lula (2024), sobre a trajetória do atual presidente brasileiro.

"Todos se concentram em temas polarizadores e questionam vigorosamente as visões aceitas. Essa é uma tradição longa e nobre. Estou apenas fazendo o mesmo", concluiu Nowrasteh.