POLÍTICA INTERNACIONAL

The Economist sugere que Lula não dispute novo mandato por causa da idade

Revista britânica compara Lula a Biden e afirma que candidatos acima de 80 anos representam riscos à estabilidade política.

Publicado em 31/12/2025 às 09:54
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial Nano Banana (Google Imagen)

Um editorial publicado nesta terça-feira, 30, pela revista britânica The Economist afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria disputar um novo mandato em 2026 devido à idade. Segundo a publicação, candidatos com mais de 80 anos representam "riscos elevados" para a estabilidade política e institucional, mesmo quando possuem experiência e popularidade.

Lula é comparado a Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos que desistiu da reeleição por limitações relacionadas à idade. De acordo com a revista, Lula tem 80 anos e, caso seja reeleito, encerraria um eventual quarto mandato aos 85. "Lula é apenas um ano mais novo do que Joe Biden era no mesmo período do ciclo eleitoral de 2024 nos Estados Unidos, e isso terminou de forma desastrosa", destaca o texto, que ressalta ainda que o carisma do presidente brasileiro "não é escudo contra o declínio cognitivo".

O artigo avalia que Lula enfrentou um ano de tensões institucionais e disputas internacionais, mas sobreviveu inclusive à disputa comercial com os Estados Unidos. Contudo, aponta que a centralidade do presidente limita a renovação política no Brasil.

Segundo a publicação, além da idade e das políticas econômicas consideradas "medíocres", uma nova campanha de Lula seria marcada pelos escândalos de corrupção dos dois primeiros mandatos, pelos quais "muitos brasileiros não conseguem perdoá-lo".

O texto, ilustrado com Lula grisalho diante de uma bandeira do Brasil e uma cabine de votação, também menciona a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro por conspiração para um golpe de Estado. Recorda que o então presidente dos EUA, Donald Trump, alegou falsamente tratar-se de armação e impôs tarifas punitivas a produtos brasileiros, mas depois recuou.

A revista defende que o Brasil deveria passar por uma renovação política e que Lula poderia abrir espaço para uma nova geração de líderes, lembrando que o presidente prometeu, na campanha de 2022, não disputar um quarto mandato. Ressalta, porém, que até agora não há sinais claros de que Lula prepara um sucessor à esquerda ou ao centro.

A publicação destaca a intensa disputa na direita pelo espaço deixado por Bolsonaro, que, mesmo condenado, ainda mantém "um número surpreendente" de apoiadores, sobretudo entre os evangélicos. O texto menciona que Bolsonaro indicou o filho, senador Flávio Bolsonaro (PL), como possível candidato, mas o classifica como "impopular" e "ineficaz".

Entre outros possíveis presidenciáveis, a revista cita o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descrito como "ponderado" e "democrata", além de ser bem mais jovem que Lula.

O editorial conclui que as eleições de 2026 serão decisivas para o futuro político do Brasil e recomenda um candidato de centro-direita que busque equilíbrio entre preservação ambiental, combate ao crime organizado e respeito ao Estado de Direito e às liberdades civis.