Motta afirma que STF cumpre papel investigativo, mas Câmara vigia possíveis excessos
Presidente da Câmara defende atuação do Supremo, mas ressalta necessidade de evitar abusos contra parlamentares após operação da PF.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que o Supremo Tribunal Federal (STF) está cumprindo "seu papel de investigar" e afirmou que a Câmara irá monitorar possíveis "exageros" do Judiciário. A declaração foi feita durante café da manhã com jornalistas, nesta sexta-feira (19), ao comentar a operação da Polícia Federal contra os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ).
"Eu não faço pré-julgamento antecipado sobre nenhum assunto, acho que o Supremo está no papel de investigar", afirmou Motta. "Quero dizer que a Câmara não tem compromisso em estar protegendo aquilo que não é correto."
No entanto, Motta ponderou que, como presidente da Câmara, precisará estabelecer critérios para diferenciar uma investigação legítima de eventuais excessos. "O que nós temos que tratar, e aí tem que ter uma linha para a gente poder enquadrar apuração, se há suspeita de algum parlamentar que não agiu corretamente, e aquilo que é exagero", ressaltou. "Respeitamos o papel do Supremo, não temos compromisso com quem não trabalha correto e vamos sempre acompanhar aqui na presidência da Câmara para que exageros não sejam cometidos."
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal realizou operação de busca e apreensão para investigar suspeitas de desvios na cota parlamentar dos deputados Jordy e Sóstenes. Endereços ligados aos parlamentares foram alvo de buscas no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, em ação autorizada pelo ministro do STF Flávio Dino.
Durante a operação, foram apreendidos R$ 430 mil na residência de Sóstenes, líder do PL na Câmara, além da identificação de movimentações financeiras atípicas que somam cerca de R$ 18 milhões entre assessores dos dois deputados.